Por Edinaldo Moreno - Repórter do Jornal de Fato
Sindicatos que representam os professores na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) e no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) tomaram decisões diferentes a respeito da greve nacional deflagrada ontem (15) em universidades federais, centros de educação tecnológica e institutos federais. Os trabalhadores rejeitaram a proposta apresentada pelo Ministério da Educação e da Inovação em Serviços Públicos na última Mesa Setorial de Negociação, ocorrida na semana passada.
A reportagem do JORNAL DE FATO entrou em contato com representantes da Associação dos Docentes da Ufersa (Adufersa) e do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE) sobre a adesão ao movimento. Os professores das universidades federais, institutos federais e centros federais de educação tecnológica iniciaram uma greve nacional.
Euza Raquel, uma das coordenadoras gerais do Sinasefe, seção de Mossoró, e membro do comando geral de greve, confirmou a paralisação e explicou a adesão ao movimento pela categoria. “O nosso sindicato representa tanto o TAES como Docentes e fazemos parte do Fonasefe e Fonacate que estão desde o ano passado nas rodadas de negociação. Na 7ª rodada da mesa de negociação fomos surpreendidos com uma resposta na nossa proposta de reajuste, dado as decisões do legislativo sobre o orçamento público, que teríamos 0% de reajuste em 2024 e apenas 4,5% em 2025 e 4,5% em 2026”, iniciou.
“Tendo em vista isso ter acontecido em fevereiro, desde esse momento as entidades se articularam para tentar reverter essa proposta. Por isso, na plenária nacional, o Sinasefe votou pela greve e ratificou na 188 chamando ambas as categorias para pararem. Os docentes do IFRN também aderiram a esse chamado na plenária com assembleia bem expressiva nas suas seções que compõem o sindicato no RN”, completou.
Ela destaca as pautas nacionais, que são: Reestruturação das carreiras de técnico-administrativos (PCCTAE) e docentes (EBTT); Recomposição salarial; Revogação de todas as normas que prejudicam a educação federal aprovadas nos governos Temer (2016-2018) e Bolsonaro (2019-2022). “Aqui no Rio Grande do Norte, como em outros estados, outra pauta importante teve adesão e apoio do movimento estudantil e da comunidade também: Recomposição do orçamento e reajuste imediato dos auxílios e bolsas dos estudantes. Há outras pautas que também foram inseridas nas assembleias e serão levadas para a mesa de negociação da greve que já está sendo mobilizada pelo comando nacional de greve”, encerrou.
Entendimento diferente teve a Adufersa. O presidente da entidade, Thiago Arruda explica a decisão da categoria. “Realizamos assembleia simultânea nos quatro campi e a categoria decidiu que não era o momento para greve docente na Ufersa”, ressaltou o presidente da Adufersa destacando a importância da mobilização da categoria.
“A assembleia apontou para a importância da mobilização da categoria. Contudo, no momento, não através da greve. Um dos principais motivos apontados nas falas da assembleia foi a importância de regularização do calendário acadêmico da universidade”, contou.
NACIONAL
Entre as 67 instituições ligadas ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-RN), 41 já estão mobilizadas de alguma forma para aderir à paralisação. Os professores reivindicam reajuste salarial de 22%, a ser dividido em três parcelas iguais de 7,06% — a primeira ainda para este ano e outras para 2025 e 2026.
Além da recomposição do salário, os professores pedem a equiparação dos benefícios e auxílios com os servidores do Legislativo e do Judiciário ainda em 2024 e também a revogação de atos normativos criados durante governos anteriores que impactam a carreira dos docentes.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições do Ensino Superior (Andes), a proposta apresentada pelo governo federal foi de reajuste salarial zero, com aumentos apenas no auxílio alimentação, que passaria de R$ 658, para R$ 1.000; no valor da assistência pré-escolar, de R$ 321,00 para R$ 484,90, além de 51% a mais no valor atual da saúde suplementar.
A proposta foi rejeitada em reunião com a participação de 34 seções sindicais do setor, que também votaram pelo movimento paredista resultando em 22 votos favoráveis, sete contrários e cinco abstenções.
Plebiscito definirá adesão de docentes da UFRN
Os professores e professoras da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estão sendo chamados(as) a participar de um plebiscito para se posicionar sobre a deflagração de greve por tempo indeterminado da categoria. A medida teve início ontem (15) às 8h e segue até às 17h desta terça-feira (16).
De acordo com Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Adurn), a decisão foi tomada em assembleia realizada no último dia 9 deste mês.
Aprovada durante a última assembleia da categoria, a pergunta que vai aparecer na cabine eletrônica de votação será: "Considerando a defasagem salarial dos professores, considerando a urgente e necessária retomada de investimentos nas universidades, considerando a solidariedade aos servidores técnico-administrativos, os docentes da UFRN decidiram em assembleia pela greve a partir do dia 22 de abril. Você é favorável à decisão da assembleia?". Durante a votação, os e as docentes poderão optar pelas alternativas “sim”, “não”, e “abstenção”.
A entidade destaca que a utilização do plebiscito como instrumento de deliberação sobre greve está no Estatuto do ADURN-Sindicato, com o objetivo de ampliar a participação dos professores e professoras nesse processo decisório e que todos os(as) docentes da ativa, sindicalizados(as) ou não, podem participar.
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