Por Amina Costa - Jornal de Fato
Mais uma vez, os funcionários da empresa terceirizada JMT Service, que presta serviço ao Governo do Estado, atuando nos hospitais da rede estadual, paralisaram as suas atividades por tempo indeterminado. A paralisação foi iniciada na manhã desta quinta-feira, 14, e tem como justificativa o não pagamento do salário e do vale alimentação referente ao mês de outubro.
A greve foi a alternativa encontrada pelos trabalhadores para pressionar a JMT e a Secretaria de Estado de Saúde Pública (SESAP) a realizar o pagamento dos valores devidos e negociar outras pautas reivindicadas, com o pagamento das férias, cujo atraso é de quatro anos. Os funcionários são lotados no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), Hospital Rafael Fernandes e Hospital da Mulher Parteira Maria Correia.
A expectativa do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde em Hospitais, Clínicas e Laboratórios Privados de Mossoró (SINTRAHPAM) é de que cerca de 120 funcionários permaneçam em greve. Com isso, setores importantes dos hospitais, principalmente do Hospital Tarcísio Maia, ficam comprometidos. De acordo com as informações repassadas pelo delegado sindical, Adjackson Carvalho, será mantido o percentual de 30% de funcionários trabalhando, garantido os serviços essenciais. “O hospital pode entrar em colapso porque muitos setores serão afetados. A partir desta quinta-feira, a alimentação está garantida apenas para os pacientes”, disse.
Os funcionários terceirizados atuam em vários setores, entre eles, higienização, copa, cozinha, nutrição, lavanderia, manutenção e também com o serviço de maqueiro. O delegado sindical informou que a JMT e a Sesap precisam cumprir pelo menos 50% da pauta de reivindicação da categoria para colocar fim na greve. “Eles precisam cumprir pelo menos 50% da pauta, que seria o pagamento do salário e o cartão alimentação. Tenho certeza absoluta que eles não vão cumprir nada disso tão cedo, já que a JMT e a Sesap não se pronunciaram a nenhum momento sobre o pagamento”, disse.
Adjackson Carvalho informou que, diariamente, recebe relatos de trabalhadores que estão sofrendo com problemas psicológicos, por não saber quando vão receber seus salários. “Eu recebo todos os dias relatos de servidores da JMT com problemas psicológicos. Eles não aguentam mais trabalhar o mês inteiro e quando chega a data de receber o pagamento do seu salário, não têm nenhuma previsão”, disse.
“Os funcionários da JMT são muito dedicados, são pessoas responsáveis, são pessoas empenhadas no serviço, são ótimos profissionais. Mas estão todos passando por essa situação com problemas psicológicos, não sabem como fazer para assumir com suas responsabilidades, como comprar alimentações e sustentar suas famílias. Realmente é uma situação humilhante que está ficando insustentável”, complementa o delegado sindical.
Obstetras também podem paralisar os atendimentos por falta de pagamento
Nesta quarta-feira, 13, o Núcleo de Ginecologia e Obstetrícia de Mossoró (NGO) emitiu um comunicado oficial no qual afirma que os profissionais obstetras que atuam em Mossoró, prestando assistência materno-infantil a toda região Oeste do Rio Grande do Norte, vão suspender as atividades por falta de pagamento por parte do Governo do Estado.
O comunicado afirma que a falta de pagamento por mais de seis meses compromete a continuidade da assistência materno-infantil, colocando em risco a saúde e o bem-estar de gestantes, bebês e suas famílias. “Os profissionais de saúde da área, além de enfrentarem dificuldades no exercício de sua atividade devido à falta de condições financeiras, estão expostos a um cenário de insegurança jurídica que afeta diretamente a qualidade e a regularidade do atendimento prestado”, informa a nota.
A paralisação dos médicos obstetras pode trazer muitos riscos à saúde das gestantes. “Se a paralisação acontecer, as gestantes da cidade podem ser diretamente afetadas. A ausência de obstetras no atendimento pode resultar em atrasos no acompanhamento de gestações e partos, aumentando os riscos para as mães e os bebês”, informou o NGO por meio das redes sociais.
O Núcleo afirma que a Sesap não tem tomado medidas eficazes para regularizar os repasses e resolver a situação dos pagamentos, gerando frustração entre os médicos obstetras da cidade. Esclarece ainda que a reivindicação da categoria é a regularização dos repasses por parte da Sesap, afirmando que, sem essas ações, os médicos não veem alternativa além de parar suas atividades. “É essencial que a SESAP tome medidas urgentes para resolver a questão dos pagamentos e evitar uma paralisação. A saúde das gestantes não pode esperar!”, afirmou.
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