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Postado às 10h30 | 14 Jul 2019 | Redação Restauração do prédio da Aceu deve preservar sua estrutura arquitetônica

Crédito da foto: Marcos Garcia/JORNAL DE FATO Antigo prédio do Clube Aceu no centro da cidade de Mossoró

Conhecida como um dos grandes centros de cultura de Mossoró do século passado, a Associação Cultural e Esportiva Universitária (ACEU) preserva a memória do município. No intuito de revitalizar o espaço, que foi palco de grandes eventos culturais e tem imensurável valor histórico, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) prevê desenvolver ações de restauração e reforma do espaço.

A proposta de revitalização da Aceu está incluída nos projetos que serão executados a partir dos recursos da emenda impositiva destinada à Uern pela bancada federal em 2018. O projeto prevê 1.080 m² de área de intervenção e está orçado em R$ 1.121.213,06. “Trata-se de uma proposta de recuperação estrutural e revitalização, mantendo as características originais do prédio”, explica a assessora de Infraestrutura, Bruna Medeiros.

A restauração do prédio da Aceu deve preservar sua estrutura arquitetônica, renovando o compromisso de manter o patrimônio histórico de Mossoró. De acordo com o projeto de reforma, a Aceu terá espaços eficientes para comportar a Diretoria de Educação, Cultura e Artes da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX), a pinacoteca, salas para diversas linguagens artísticas, potencializando uma política de extensão universitária no âmbito da cultura.

O projeto prevê ainda a disponibilização de uma ala multiúso para pequenos espetáculos, performances, exibições, palestras, oficinas, cursos, workshops, projeções audiovisuais, lançamentos de produções literárias, demais atividades artísticas afins e reuniões; uma sala para biblioteca temática; banheiros com acessibilidade; laboratório de artes cênicas, um salão de eventos; e sala de artes visuais;

Além disso, a Aceu deverá ter um espaço coletivo de lazer cultural para a comunidade frequentadora e visitante, bem como para comercialização de lanches e lembranças/souvenir.

Conforme Bruna Medeiros, a intenção é que a Aceu volte a atender as demandas culturais que caracterizaram sua história, contando com espaços como sala de dança, sala de artes cênicas, sala de exposição, salão de eventos, sala de artes plásticas, café e ambientes administrativos. Toda a reforma contempla as orientações da norma de acessibilidade.

O projeto de reestruturação física da Aceu visa a preservação do patrimônio histórico e a revitalização do espaço para a realização de ações sociais que contribuam para os grandes eventos culturais de Mossoró, bem como no apoio às mais diversas expressões culturais do Estado.

Prédio preserva a memória

A Associação Cultural e Esportiva Universitária teve sua construção inicial pela Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM) na década de 1920, com o objetivo de funcionar a sua sede, mas devido à dificuldade financeira pela qual passava o Município e a seca que assolava o Nordeste naquela época, a Prefeitura não apresentou condições financeiras para concluir a obra; paralisando os serviços na fase que compreendia o arcabouço do imóvel.

Em 1940, o prefeito da época sem recursos financeiros para concluir a obra, e para não ver o esforço do município desperdiçado, resolveu atender solicitação de um clube de futebol da época denominado “Clube Ipiranga”, para que naquele prédio fosse construída a sua sede social.

O “Clube Ipiranga” realizou uma campanha financeira na cidade e concluiu a obra. O espaço foi palco de diversas manifestações artísticas, culturais e esportivas da sociedade mossoroense. Os mais diversos eventos, desfiles, shows, colações de grau, bailes, competições esportivas, lançamento de livros, saraus, bailes de carnaval, entre tantos outros eventos ocorreram neste espaço. Após a decadência do “Clube Ipiranga”, o prédio ficou abandonado e, consequentemente, pela depreciação o clube fechou, e assim, o imóvel foi interditado.

Em abril de 1948, o então prefeito Jerônimo Dix-sept Rosado Maia assinava o decreto-lei 04/58, criando para o povo mossoroense a Biblioteca Municipal. A ideia veio do historiador e professor Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, onde seu funcionamento se deu em princípio na parte térrea do Clube Ipiranga. Com o crescimento e expansão da então Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte (FURRN), a instituição foi ocupando o imóvel, nomeando o espaço, como Associação Cultural e Esportiva Universitária, composta por setores administrativos e entidades de classes desta Fundação.

Diante desse fato, no ano de 1976, por meio do então presidente da Furrn, professor Canindé Queiroz, com anuência por escrito do último presidente do Clube Ipiranga, a universidade obteve oficialmente a posse do referido imóvel. Nesse período, era comum a ocupação do espaço por alunos universitários, com shows de voz e violão e com uma programação cultural diversificada. O espaço era frequentado pelos intelectuais da época, que de certa forma protestavam contra a ditadura implantada no Brasil. Naquele período, houve também shows de música popular brasileira de artistas como Sandra de Sá, Gilberto Gil, entre outros.

Em 1983, o imóvel foi tombado pela lei 148/83, conhecida como “Lei do Corredor Cultural”. No dia 14 de outubro de 1986, o prefeito Dix-huit Rosado modificou o decreto-lei 7 de 8 de julho de 1940, com a Furrn passando a ser donatária do prédio e o terreno ocupado pelo campo de esporte e quadra poliesportiva do Clube Ipiranga.

Em 1997, apesar de não estar com sua estrutura totalmente comprometida, o reitor da época, Walter Fonseca, resolveu interditar o clube. Foram feitas várias inspeções por técnicos da própria Uern e da Secretaria de Infraestrutura do Governo do Estado. Os dois laudos não condenaram o imóvel na época. Todavia, naquela época já alertava para a necessidade de uma recuperação. Feitas as vistorias, o Governo do Estado liberou recursos para restauração que respeitou a arquitetura original. Com a recuperação do Clube Aceu, foi realizado após a reforma o “Baile Azul e Branco”, em comemoração aos 32 anos da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

O espaço abrigava também grupos culturais institucionalizados, por exemplo: Grupo de Teatro Universitário Mossoroense (GRUTUM) e Grupo de Dança Universitário Mossoroense (GRUDUM). Outros grupos de teatro, dança e música da cidade, em parceria com a universidade, ensaiavam os seus espetáculos no prédio, em especial para preparação dos grandes espetáculos da cidade como: Chuva de Bala no País de Mossoró, Oratório de Santa Luzia, que utilizavam o local para seus ensaios, ateliê, carpintaria e produção.

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