Amina Costa – JORNAL DE FATO
O incentivo à iniciação científica está transformando a vida de jovens de Mossoró, que passaram a ver com outros olhos a pesquisa e a realização de projetos. Nesta semana, estudantes do Serviço Social da Indústria (SESI) de Mossoró se destacaram na imprensa local devido à 1ª colocação na Olimpíada do Futuro, realizada em São Paulo (SP). Eles desenvolveram um projeto que visa reduzir os impactos ambientais que são gerados pelo canudo de plástico.
O grupo formado por Francisca Hellen, João Victor, Rhana Helen, Ana Katarina e Ana Beatriz desenvolveu um canudo biodegradável a partir da cera de carnaúba e mandioca, que são matérias-primas abundantes na nossa região. A reportagem do JORNAL DE FATO conversou com os estudantes sobre todo o processo de criação desse canudo biodegradável, que gera menores impactos ao meio ambiente.
A estudante Francisca Hellen deu início ao trabalho, participando das duas primeiras etapas (realizadas de forma on-line) da Olimpíada do Futuro. Ao passar para a terceira etapa, o regulamento da Olimpíada previa que fosse formado um grupo com cinco estudantes para a realização de um projeto direcionado para a Olimpíada do Futuro.
“A partir dessa aprovação, foi desenvolvido um projeto voltado para os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs). Nós escolhemos o ODS número 12, que era mais voltado para o meio ambiente. A escolha por esse tema ocorreu porque os assuntos voltados para o meio ambiente estão em alta”, disse Francisca Hellen.
Partindo de uma linha de pesquisa, os estudantes decidiram ainda sobre qual produto trabalhar, dentro desse objetivo, que visa o consumo produção sustentáveis. “Nós pensamos muito sobre qual tipo de produto focar e decidimos pelo canudo, porque esse assunto também está em alta. Nos últimos anos, falou-se muito sobre a retirada de circulação do canudo de plástico, e houve até leis municipais e estaduais que visavam isso. Fomos pesquisar um pouco mais sobre os benefícios dele e procuramos soluções para que eles não precisem ser retirados de circulação.”, explicou o estudante João Victor.
O grupo explica que um dos motivos que justificaram essa pesquisa é o fato de muitas pessoas ainda necessitar de canudos para a alimentação. Eles lembram que pessoas com deficiência podem se sentir excluídas ao frequentar ambientes públicos e não conseguir manusear objetos como copos e talheres.
“Existem questões sociais que tomamos como base para criar esse canudo: primeiro que, mesmo que seja um problema para o meio ambiente e que dê para tomar os líquidos no copo, existe a questão social de que as pessoas em si são acostumadas com o canudo. Então, ao invés de tirar os canudos a força (algumas cidades criaram leis para isso), é mais fácil implantar uma coisa que tenha a mesma função e que não degrade tanto o meio ambiente. Foi nessa perspectiva que pensamos. Em relação a essas pessoas que têm deficiência, por mais que não seja maioria, elas poderiam simplesmente pegar canudos de outros materiais (de ferro e de vidro) e sempre levar com elas. Mas, vimos depoimentos que isso causa certa exclusão. Sem contar que a higienização é muito complicada”, enfatizou João Victor.
Projeto reduz impactos ao meio ambiente
Com os debates frequentes em relação aos impactos que o meio ambiente vem sofrendo em relação ao descarte irregular de lixo, ao aquecimento global e má utilização do espaço público, a sociedade se mostra mais atenta e disposta a trabalhar em prol de uma possível reversão para esses problemas. Esse tema também vem atraindo a atenção de jovens cientistas, que buscam formas de redução desses impactos.
Os estudantes do Sesi em Mossoró explicam que o canudo biodegradável desenvolvido por meio do projeto voltado para a Olimpíada do Futuro tem justamente essa função. Nos testes feitos pelo grupo, o tempo de decomposição do canudo biodegradável é consideravelmente maior do que o de um canudo de plástico.
“Fizemos testes deixando ele em condições ambientes e ele tem um tempo razoável de permanência, mas a decomposição dele é mais rápida. Como ele é feito de materiais biodegradáveis, os agentes do meio ambientes acabam acelerando o processo de decomposição, diferente do que ocorre com os canudos de plástico. Quando o colocamos na água, o tempo de decomposição não chega a 10 minutos. Agora, vamos testar a decomposição do canudo em condições parecidas às dos aterros sanitários”, explica o estudante João Victor.
Questionados sobre a possibilidade de comercialização em larga escala do produto, os estudantes revelam que essa não é uma hipótese descartada, mas que é preciso fazer algumas adequações no projeto para isto. Um dos impedimentos para a comercialização do produto em larga escala é o fato de ele ainda não ter uma embalagem individual.
“Nós não queremos ser hipócritas e colocar o canudo biodegradável em uma embalagem de plástico. Ainda estamos desenvolvendo uma embalagem também biodegradável para o produto e, só então, pensar numa possível comercialização. Também estamos vendo a questão da batente, que é algo muito burocrática”, disse João Victor.
Outra coisa que os estudantes buscam é uma produção mais automatizada, para que o tempo seja reduzido e os canudos possam ser comercializados em larga escala. Hoje, o tempo médio para a produção do canudo biodegradável é de 20 minutos, mas o manuseio é feito de forma totalmente manual. O objetivo é torná-lo mais mecanizado para facilitar uma produção em maior quantidade.
LEIA REPORTAGEM COMPLETA NA EDIÇÃO IMPRESSA DO JORNAL DE FATO DESTE DOMINGO (24)
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