No dia 30 de março, em teleconferência, Fátima Bezerra anunciou que o governo implantaria 170 novos leitos em Mossoró para enfrentamento da pandemia do coronavírus. Menos da metade foi implantado, isso mesmo com ajuda da sociedade civil organizada
Por César Santos - JORNAL DE FATO
Mossoró, terça-feira, 2 de junho de 2020. Todos os leitos para pacientes da Covid-19 ocupados na rede de saúde pública. Uma fila de novos infectados aguardando uma vaga tanto de UTI como de leito clínico.
Voltando 63 datas do calendário, a reportagem do JORNAL DE FATO encontra uma outra terça-feira, 31 de março de 2020, com a promessa da governadora Fátima Bezerra (PT) de abrir 170 leitos em Mossoró para enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.
A capacidade da rede hospitalar para receber pacientes da Covid-19 estaria em situação bem melhor se o discurso da governadora fosse colocado em prática. Dos 170 leitos prometidos, menos da metade entrou em funcionamento, mesmo assim, com a participação direta da sociedade civil organizada e de instituições como o Ministério Público, Apamim e o apoio financeiro e de estrutura da Prefeitura de Mossoró.
Fátima Bezerra anunciou os 170 leitos durante videoconferência com a prefeita Rosalba Ciarlini (PP). Segundo a governadora, eram leitos de UTI, de enfermaria e baixa complexidade, que seriam suficientes para atender a demanda, distribuídos no Hospital Regional Tarcísio Maia, Hospital da Polícia Militar, Hospital Rafael Fernandes e Casa de Saúde Dix-sept Rosado, que é administrado por uma junta interventora. De fato, seria, se o governo tivesse cumprido a promessa.
Da promessa da governadora até hoje, Mossoró saiu de 16 casos confirmados da doença e um óbito (professor da Uern Luiz di Souza, 61 anos) para 1.129 pessoas infectadas e 61 mortes, além de uma rede hospitalar 100% ocupada. As ações não acompanharam o avanço da pandemia, o que provocou o estrangulamento do sistema hospitalar.
Da lista de leitos prometidos, o governo conseguiu colocar em funcionamento 22 (UTI e UCI) no Hospital Tarcísio Maia, incluídos os 20 leitos construídos e instalados pela sociedade civil organizada. Os outros leitos abertos foram no Hospital São Luiz, contratado pela Apamim para servir de hospital de campanha. São 20 leitos de UTI e 30 clínicos, dos 100 leitos previstos em contrato.
O hospital de campanha foi possível a partir de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), intermediado pelo Ministério Público (MPRN, MPT e MPF), com a participação da Prefeitura e do Governo do Estado.
Os outros leitos prometidos ficaram para trás. Seriam abertos no Hospital da Polícia Militar, no Rafael Fernandes e na Dix-sept Rosado. Um grupo de empresários chegou a reformar o hospital da PM, mas a unidade continua fechada. Há uma expectativa de que o governo possa abrir esses novos leitos, mas sem uma data prevista.
UPA
A situação só não é mais grave porque o município transformou a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do bairro Belo Horizonte, zona sul de Mossoró, em referência para pacientes da Covid-19, inclusive, com a implantação de uma “unidade de campanha”.
A UPA é a primeira porta de entrada do paciente para a rede hospitalar. A pessoa com os sintomas da doença recebe o primeiro atendimento na UPA que, conforme o diagnóstico, regula para o Tarcísio Maia ou para o hospital de campanha.
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