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Postado às 08h00 | 28 Jul 2020 | Redação Taxa Rt chega a 1,19 e estudo mostra que Mossoró está em zona de perigo

Crédito da foto: Arquivo A Capital do Oeste encontra-se em alerta vermelho, ou zona de perigo

Edinaldo Moreno/Da Redação

Relatório publicado na última sexta-feira, 24, por pesquisadores que fazem parte do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN) aponta que após três semanas consecutivas de quedas, a taxa de transmissibilidade, ou taxa Rt, os valores tornaram a crescer, principalmente nas regiões de saúde de Mossoró e Pau dos Ferros após processar os dados do último boletim epidemiológico da SESAP/RN - Boletim 121, de 24 de julho de 2020.

O estudo também ressalta que o crescimento não se limita a essas localidades; diversos outros municípios em outras regiões também se apresentam fora dos padrões esperados. De acordo com o documento, a Capital do Oeste encontra-se na zona de perigo. O Rt no segundo maior município do Rio Grande do Norte chegou a 1,19 na semana epidemiológica 29. Já no município do Alto Oeste a taxa de transmissibilidade é de 1,30.

O valor estimado da Rt em Mossoró subiu 0,45 em uma semana após observar três semanas de redução na taxa de contágio da Covid-19. Na semana epidemiológica 28 o percentual na cidade era de 0,75. Esse índice era bem menor do que o verificado na SE 26. Esta semana fechou com taxa de transmissibilidade de 1,01. Uma semana antes era de 1,09.

As primeiras onze semanas epidemiológicas apresentaram índice zero na cidade, conforme levantamento do LAIS/UFRN. O valor estimado da semana epidemiológica 12 foi de 0,78. A semana epidemiológica seguinte chegou a 1,64, a mais alta já registrada no município durante a pandemia do novo coronavírus. As semanas 14 e 15 tiveram redução. A primeira com 0,96 e segunda com 0,88, respectivamente.

As SE’s 16 e 17 apresentaram alta em relação as duas últimas. A semana epidemiológica 16 fechou com índice de 1,19 e a 17 com Rt de 1,39. A semana 18 teve valor estimado de 1,29, a SE 19 encerrou com 1,34 e a 20 com 1,33.

A Semana Epidemiológica 21 teve taxa de transmissibilidade de 1,08. A semana seguinte foi de 1,11. A 23 fechou com Rt de 0,99 e 24 com 1,12. A SE 25 teve índice de 0,98, a menor das últimas cinco semanas epidemiológicas.

De todos os municípios que compõem as regiões de saúde de Mossoró e Pau dos Ferros, apenas 3 apresentam taxa de transmissibilidade satisfatória: Dix-Sept Rosado, Alexandria e São Miguel. Dos demais, 47 estão em zona de perigo, sendo 26 desses com Rt igual ou superior a 2,00.

É importante ressaltar que, mesmo ao se observar o aumento da Rt a partir somente desse último boletim, ainda não é possível afirmar que isso é uma tendência, visto que há um atraso das informações em decorrência da necessidade de confirmar os resultados dos exames, as quais costumam se consolidar em média até 15 dias.

A Taxa de Transmissibilidade, ou Taxa Rt para ser mais simples, é um dos indicadores utilizados para medir a evolução de uma doença endêmica. De forma simples, essa taxa indica quantas pessoas podem ser infectadas a partir de uma pessoa já doente. Para exemplificar, suponha o Rt = 2, isso significa dizer que, estatisticamente falando, uma pessoa doente contaminará duas saudáveis.

O ideal, então, é que essa taxa se mantenha o mais próximo possível de zero. A partir do momento que ela se mantém constantemente abaixo do valor 1, significa dizer que a doença está em um estado “controlado”.

RIO GRANDE DO NORTE

A presente análise chama atenção de que as regiões de saúde de São José do Mipibu, João Câmara, Santa Cruz e Metropolitana ainda estão em uma zona “segura”, apresentando um Rt menor do que 1,00. A região de saúde de Caicó se apresenta em uma zona “neutra”, com Rt oscilando acima de 1 e dentro da margem de erro estatística (3%).

Os municípios de Lajes Pintada e Passa e Fica são os únicos do estado que se encontram na zona neutra, logo estão acima de 1, porém, dentro da margem de erro. Ao todo, 112 municípios se apresentam na zona vermelha, o que representa 67,06% dos municípios do estado, estando 44 (26,34%) desses com Rt igual ou maior que 2,00. Dos municípios na zona segura, contabiliza-se 53 ao todo, o que representa 31,73%.

Percebe-se, também, que apesar das regiões de saúde São José do Mipibu, João Câmara, Santa Cruz e a Região Metropolitana apresentarem no geral uma situação confortável, essas regiões totalizam 36 municípios na zona de perigo, sendo 7 desses com Rt igual ou maior que 2,00. A região de saúde de Caicó e de Açu (na zona neutra) apresenta 27 de seus 40 municípios na zona de perigo, sendo que 10 apresentam Rt igual ou maior que 2,00.

O estudo do LAIS ressaltava que até o dia 24 deste mês o cenário da pandemia apresentava promissoras melhoras e que nessa data constatou-se menos de 500 pacientes hospitalizados. Apesar do ainda crescente número de confirmações acumuladas, percebe-se claramente a gradual redução do número de casos confirmados diariamente, assim como o número de óbitos.

Dessa forma, tamanha diminuição de pedidos faz pensar que as medidas sanitárias as quais foram tomadas e que agora surtem efeito com a diminuição da pressão sobre o sistema de saúde se relacionam com a menor transmissibilidade da doença conseguida com o distanciamento social e as medidas preventivas difundidas ao longo desses quase cinco meses.

E que o monitoramento deveria ser feito a partir de indicadores que traduzem esse movimento e inferem o mais precocemente o dado para que medidas preventivas possam ser tomadas por parte da gestão a fim de proteger a população, pois assim como em todo o Brasil e parte do mundo, depois de mais de 100 dias em quarentena era preciso iniciar um processo de reabertura gradual e, portanto, as primeiras etapas tinham sido acionadas aqui no estado do Rio Grande do Norte (RN).

SEMANA EPIDEMIOLÓGICA Rt em Mossoró

SE 1 A 11 – 0,0

SE 12 – 0,78

SE 13 – 1,64

SE 14 – 0,96

SE 15 – 0,88

SE 16 – 1,19

SE 17 – 1,37

SE 18 – 1,29

SE 19 – 1,34

SE 20 – 1,33

SE 21 – 1,08

SE 22 – 1,11

SE 23 – 0,99

SE 24 – 1,12

SE 25 – 0,98

SE 26 – 1,09

SE 27 – 1,01

SE 28 – 0,75

SE 29 – 1,20

Fonte: LAIS/UFRN

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