Quinta-Feira, 23 de janeiro de 2025

Postado às 09h30 | 02 Ago 2021 | Redação Mossoró registrou 78 acidentes de trabalho com animais peçonhentos

Crédito da foto: Reprodução Animais peçonhentos

Por Edinaldo Moreno / Repórter do JORNAL DE FATO

A Subcoordenadoria de Vigilância em Saúde do Trabalhador (SUVIST) divulgou Boletim Epidemiológico em Saúde do Trabalhador com o objetivo de apresentar o panorama dos acidentes de trabalho, acidentes com animais peçonhentos e acidentes com material biológico no Rio Grande do Norte.

De acordo com o levantamento, Mossoró registrou nos últimos três anos o total de 78 acidentes com animais peçonhentos. O estudo aponta que em 2019, Mossoró teve a notificação de 41 acidentes com este tipo de animal. No ano seguinte foram registrados 25 casos, e em 2021, até a publicação do boletim, 12 acidentes foram constatados no período.

Os acidentes por animais peçonhentos são muitas vezes acidentes de trabalho (AT) ocorridos com pessoas ocupadas em atividades econômicas relacionadas ao campo, floresta e águas, o que configura um dos grupos mais susceptíveis a este evento.

“Medidas simples podem ajudar a reduzir o número de acidentes, tais como: Usar calçados com cano alto; evitar andar durante a noite sem proteção das pernas; evitar locais com acúmulo de lixo, entulhos, lenhas e restos de vegetação; não colocar as mãos dentro de buracos do solo ou em árvores; ao sentar no chão, sempre olhar em volta primeiro”, explicou Saliciano Alves de Lima, médico especialista em medicina da família.

O Rio Grande do Norte registrou no mesmo período o total de 692 acidentes deste tipo, sendo 366 em 2019, 241 em 2020 e 85 em 2021. De acordo com o estudo, os acidentes com animais peçonhentos no Estado do RN ocorrem com maior incidência na faixa etária dos 20-34 anos (218 casos) e dos 35-49 anos (220 casos), mostrando que são os trabalhadores em idade produtiva os que mais sofrem os acidentes.

O boletim traz números notificados no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) e no Hospital Wilson Rosado. No primeiro foram registrados 42 atendimentos oriundos de acidente de trabalho com animais peçonhentos. Destes, 21 foram em 2019, 13 no ano seguinte e 08 neste ano. Já no HWR foram 09 no ano retrasado, 02 no ano passado e nenhum registro até o momento em 2021.

“Ao analisarmos os acidentes de trabalho por animais peçonhentos vemos uma preponderância masculina, 586 casos em detrimento ao sexo feminino com apenas 106 casos. Segundo a raça, a parda é a mais acometida, com 467 casos, seguida da raça branca com 117 casos”, diz trecho da publicação.

Quando analisadas as notificações por regional de saúde, a Grande Natal é a que apresenta o maior número de notificações (316). Seguida da II regional de saúde, com 133 casos notificados. A região que apresenta o menor número de notificações é a I regional de saúde que tem como município sede São José do Mipibu.

Os acidentes causados por animais peçonhentos constituem importante causa de morbimortalidade em todo o mundo, principalmente entre a população do campo, floresta e águas, mas, apesar disso, são negligenciados como problema de saúde pública. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2009, incluiu este tipo de acidente na lista de Doenças Tropicais Negligenciadas.

As causas dos AT podem estar associadas a fatores como: biodiversidade ecológica locorregional, trabalho com proximidade com os meios naturais, altos índices pluviométricos, diferenças culturais (como a percepção do animal pela população), modificações antrópicas do meio ambiente, condições de trabalho precárias, dificuldade de atuação das equipes de vigilância em saúde do trabalhador onde estas atividades econômicas são desenvolvidas, e baixa escolaridade do trabalhador.

 

Principais acidentes em Mossoró são com escorpiões, aranhas e lacraias

Legenda: Médico Saliciano Alves de Lima explicou que o escorpião nativo geralmente não provoca sintomas graves

Saliciano Alves de Lima explica que os principais acidentes com animais peçonhentos em Mossoró são com escorpiões, lacraias e serpentes. Ele ainda destaca que no Rio Grande do Norte o escorpião nativo geralmente não provoca sintomas graves, apesar de causar muita dor e desconforto.

“Depende muito do tipo de animal peçonhento. Há desde casos leves, que se manifestam apenas com dor e edema (inchaço) local, até casos muito graves, com hemorragias e problemas neurológicos”, comenta o especialista sobre quais são as principais consequências de um acidente com animais peçonhentos. 

O escorpião-amarelo e a serpente jararaca estão entra os animais peçonhentos mais comuns no território potiguar.

Saliciano diz que a melhor conduta quando uma pessoa é atacada por um animal peçonhento é buscar atendimento médico, para avaliar caso a caso. Após o evento, deve lavar o local com água e sabão. “Se possível, levar o animal que provocou o acidente, para auxiliar o médico na tomada de decisão”, recomenda.

Por fim, o médico enfatiza que as pessoas devem tomar alguns cuidados para não acumular animais peçonhentos nos locais de trabalho e em casa.

“Evitar acúmulo de lixo e entulhos, que são locais mais frios e com mais umidade. As serpentes, por exemplo, gostam de ambientes com mais sombra e umidade. Por outro lado, precisamos entender que a mata nativa é o ambiente natural desses animais”.

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