O pagamento do reajuste de 33,67% será escalonado e a forma ainda não foi divulgada pelo Executivo, nem pela diretoria do Sindiserpum. A proposta será apresentada aos professores na assembleia geral que acontecerá na manhã desta sexta-feira, 11
Coluna César Santos / JORNAL DE FATO
Após mais de 5 horas de reunião, o prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) acatou a reivindicação dos professores para pagar os 33,24% de reajuste do novo piso salarial do magistério. Mais do que isso, o chefe do Executivo também anunciou que vai acrescentar 0,42%, referente ao reajuste do piso de 2019. Dessa forma, os professores terão um reajuste de 33,67%.
O pagamento do reajuste será escalonado e a forma ainda não foi divulgada pelo Executivo, nem pela diretoria do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (SINDISERPUM). A proposta será apresentada aos professores na assembleia geral que acontecerá na manhã desta sexta-feira, 11. Se a categoria aceitar o escalonamento proposto pela gestão municipal, a greve será evitada e as aulas que foram iniciadas na segunda-feira, 7, seguirão normalmente.
A reunião entre o prefeito e a diretoria do Sindiserpum, com a presença de assessores jurídicos dos dois lados, foi iniciada às 16h no Palácio da Resistência e só terminou próximo das 22h. Houve muita discussão em torno de várias propostas apresentadas pelo Executivo. A primeira oferta foi de 7% parcelado em duas vezes, sem retroativo. Os representantes da categoria recusaram de imediato. O argumento de que as finanças do município não suportariam um reajuste maior não convenceu.
Em seguida, novas propostas foram apresentadas, aumentando o percentual de reajuste, mas distante dos 33,24% previstos na Lei do Piso Salarial do Magistério. A penúltima das propostas apresentava um reajuste de 25% escalonado e sem retroativo, também foi rechaçada, até que o prefeito formatou a proposta de cumprir os 33,24% e acrescentar o percentual de 0,42% referente a 2019.
A implantação do novo piso salarial do magistério está inserida em um momento delicado para a gestão municipal sob o ponto de vista administrativo e político. Allyson precisa dar uma resposta positiva à Educação para inibir o processo de desgaste provocado pelo caos na estrutura da escola pública, comprovado no retorno das aulas presenciais esta semana. As reclamações de pais e alunos explodiram na cidade e na zona rural, com vídeo mostrando escolas sucateadas e unidades que sequer tiveram condições de receber os alunos para as aulas presenciais.
A questão política é ainda mais delicada. Parte da bancada governista na Câmara Municipal, reunida no bloco “Diálogo e Respeito”, levantou voz em defesa do reajuste salarial dos professores. O grupo, inclusive, deixou claro que votará contra o Executivo se a proposta a ser encaminhada à Câmara não contemplar a expectativa dos professores.
Em entrevista à jornalista Carol Ribeiro, o vereador Tony Fernandes (Solidariedade), um dos líderes, disse que os seis vereadores que compõem o bloco não descartam deixar a bancada governista, colocando o novo piso salarial dos professores como condição decisiva. "Dependendo de como aconteça a negociação com os professores, que o bloco está cobrando o cumprimento do piso, pode vir a acontecer sim esse rompimento em relação à base", afirmou Tony.
Portanto, mesmo tendo vendido a versão que o município não suportaria pagar o novo piso dos professores, o prefeito Allyson precisa abrir o cofre para cumprir o direito dos mestres e, por gravidade, atenuar a crise política.
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