Domingo, 26 de janeiro de 2025

Postado às 14h45 | 20 Mar 2022 | redação Vereador Paulo Igo: ‘O bloco Diálogo e Respeito não aceita recado de ninguém’

Crédito da foto: Jornal de Fato Vereador Paulo Igo no Cafezinho com César Santos

Paulo Igo Feliciano de Souza decidiu ir além da atividade de comerciante do ramo da panificação e, nas eleições de 2020, colocou o seu nome à disposição do eleitor mossoroense. Obteve êxito vestindo a camisa do Solidariedade e foi eleito vereador, além de ter ajudado na campanha do amigo Allyson Bezerra para prefeito de Mossoró. Amizade que está abalada e colocada a toda prova nesse momento.

Paulo Igo e outros cinco vereadores governistas formaram um bloco para exigir diálogo e respeito da gestão municipal, o que desagradou ao prefeito. Hoje, eles são vistos como opositores, mas o vereador afirma que o bloco continua no governo.

É sobre esse e outros assuntos políticos e eleitorais que Paulo Igo abordou no “Cafezinho com César Santos”. Leia.

Vamos direto ao ponto: o bloco Diálogo e Respeito é oposição, governo ou independente?

Hoje, a posição do bloco é governo. Somos da bancada do governo. Estamos lutando por melhorias que venham a beneficiar Mossoró e, por consequência, o governo municipal. O bloco foi criado com essa finalidade. Queremos ouvir a população, ouvir os servidores, os sindicatos. Eu fui eleito vereador para trabalhar para a população e para ajudar àquelas pessoas que realmente querem fazer uma gestão diferenciada. A questão diferenciada é como estamos fazendo, colocando o nosso mandato a favor da população. Para tudo que for acontecer na Câmara Municipal, primeiramente deve haver um diálogo, tá entendendo? Eu aprendi uma coisa, quando o povo é ouvido, o político tende a errar menos e acertar mais. Então, abrindo o diálogo é muito importante para o governo. Talvez, seja isso que alguns não entenderam o objetivo do nosso bloco.

 

Mas, o líder do governo na Câmara, vereador Genilson Alves, afirmou que o bloco Diálogo e Respeito não pertence mais a bancada governista. Como o senhor entende essa declaração?

Ele disse na Câmara, onde tivemos uma discussão, que não era menino de recado. Então, se ele não é menino de recado, nada contra o vereador Genilson Alves, a gente não escuta. Foi o que ele deixou a entender, dessa forma, as palavras dele não têm valor. Nós, do bloco Diálogo e Respeito, não aceitamos recado de ninguém. Queremos ouvir do prefeito Allyson a posição dele, se ele considera que o nosso bloco não faz parte da bancada do governo. A gente já se dispôs a conversar com o prefeito e até agora estamos aguardando.

O senhor considera, então, que o prefeito não quer dialogar?

Exato, porque gente está aguardando conversar com o prefeito, mas ele não nos chamou para conversar. O que queremos é conversar, ser respeitado pelo Poder Executivo e o respeito dentro da Casa Legislativa. Não concordamos com esse comportamento de ficar atacando uns aos outros. O que que tá acontecendo hoje? Muita gente vê esse bloco de maneira equivocada, por isso, nós temos sofrido muitos ataques nas redes sociais e retaliações por parte de pessoas ligadas à Prefeitura. Estão tentando denegrir a imagem do bloco, sugerindo que o bloco foi criado para barganhar. Não existe barganha, o que existe é o interesse de trabalhar pela população mossoroense.

 

Por exemplo...

A reforma da previdência municipal é um bom exemplo. A gente chamou os servidores para conversar, ouvimos os servidores, levamos em conta o interesse coletivo. Recebemos ligações (do governo) para votarmos o projeto como ele foi enviado à Câmara, mas optamos por ouvir os servidores, dialogar com todos envolvidos no projeto, porque esse é o maior propósito do bloco.

O senhor falou que está havendo retaliações aos membros do bloco Diálogo e Respeito, é uma referência à decisão do prefeito Allyson Bezerra de exonerar todas as pessoas que foram indicadas pelo vereador Omar Nogueira? O senhor se refere a esse tipo de retaliação?

Sim. Mas, tem também palavras ofensivas contra nós, ditas por pessoas que estão trabalhando na gestão municipal. Nós, inclusive, estamos vendo a possibilidade de uma ação na justiça contra a pessoa que chamou a gente de ladrão, que afirmou que o bloco estava querendo extorquir. Aí eu pergunto: extorquir o quê? Essa pessoa precisa de mais informação para, antes de falar, saber o que está dizendo, e não tentar denegrir a imagem do nosso grupo.

 

Esses ataques partem de pessoas ligadas ao prefeito Allyson?

Sim, acho que sim, e tem até familiares (do prefeito).

 

Para a gente ter uma clareza melhor, qual foi o sentimento que levou a esse grupo de seis vereadores a criar o novo bloco na Câmara Municipal?

Me perguntaram, na Câmara Municipal, quem foi o autor da ideia de criar este bloco. Eu disse, quem criou foi o líder do prefeito, que começou desprezar os vereadores que compõem o bloco Diálogo e Respeito. Foi formado um grupo dentro da bancada do governo, as coisas aconteciam e a gente ficava completamente de fora. Então a gente se uniu, somamos seis vereadores para formar o bloco e exigir diálogo e respeito. O que queremos é dialogar e também respeito, porque precisamos de respeito. Eu tive 929 votos (o segundo menos votado entre os eleitos em 2020), o colega Isaac da Casca teve mais de três mil votos (o mais votado com 3.113 votos), mas dentro da Câmara todos são iguais, todos têm a mesma importância. Não é certa essa coisa de tratamento diferenciado, isso não existe. Somos 23 vereadores, todos devem ser respeitados. Portanto, queremos respeito, queremos igualdade entre todos os vereadores.

O senhor foi um dos primeiros a apoiar Allyson Bezerra na trajetória política dele, desde a eleição para deputado estadual em 2018.  Hoje, vocês estão distantes, e isso lhe causa algum tipo de decepção?

A gente tinha uma amizade com o prefeito de Mossoró desde a época de Maria das Malhas (ex-vereadora que no passado foi apoiada por Paulo Igo e Allyson). Tínhamos uma parceria boa, junto com Lucas das Malhas (vereador), e essa caminhada tomou uma proporção importante, até que ele (Allyson) chegou com a proposta de ser deputado estadual. Ele me procurou, foi na minha casa, conversamos, e eu aceitei o desafio. A gente foi para rua, vestimos a camisa, saímos pelo interior e ele se elegeu, graças a Deus. Depois, Allyson teve o fortalecimento na Assembleia Legislativa e veio com o novo desafio de ser candidato a prefeito de Mossoró. De pronto, eu aceitei. Nas primeiras conversas, ele queria que eu também saísse candidato a vereador. A gente trabalha no ramo da panificação, temos um grande leque de fornecedores, de clientes na cidade de Mossoró, e isso foi importante para eu aceitar o desafio de ser candidato. Fortalecemos o Solidariedade, formamos um grupo e tivemos êxito. Mas, depois que ele passou a ser prefeito, assumiu novas responsabilidades, e a nossa amizade foi se distanciando. Nós tínhamos uma conversa simples, sem adulação, porque é assim entre amigos, mas isso foi se distanciando.

 

Quando o senhor percebeu essa mudança?

Eu me filiei ao Solidariedade no dia que Allyson se filiou. Ajudei a fortalecer o partido em Mossoró. Mas, recentemente, senti que eu estava sendo rejeitado. Teve confraternização do Solidariedade em Mossoró aonde eu me vi de fora, não fui convidado. Eu fui rejeitado. A partir daí, a gente viu a nossa rejeição dentro do grupo, que estava sendo descartado. Mas, continuo firme, continuo lutando pelo povo de Mossoró, lutando por aquelas pessoas que acreditam no nosso mandato, na nossa luta pela causa evangélica (é evangélico da Assembleia de Deus). Estou à disposição para ouvir o prefeito, para ouvir a comunidade, o povo de Mossoró, porque o meu mandato é do povo.

O bloco Diálogo e Respeito vai caminhar junto nas eleições deste ano ou a união dos seis vereadores se resumem a ação parlamentar na Câmara Municipal?

Cada vereador tem seu compromisso, cada um tem o seu pensamento, por exemplo: o vereador Lamarque (Oliveira) é ligado ao deputado estadual Coronel Azevedo (PSC), já o colega Isaac da Casca é pré-candidato a deputado estadual, assim como o Cabo Tony (Fernandes), e tem a Carmem Júlia que é do MDB e deve seguir o partido nas eleições deste ano, o mesmo acontece com Omar Nogueira, e eu também tenho o meu pensamento. Então, a gente respeita a posição política de cada um.

 

Qual é o pensamento do senhor em relação às eleições deste ano?

Somos do Solidariedade e estamos vendo o melhor cenário para definirmos o nosso apoio. Estamos aguardando, vendo os projetos e, com certeza, devemos optar pelo melhor para Mossoró.

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