Quinta-Feira, 16 de janeiro de 2025

Postado às 23h30 | 08 Jul 2023 | redação Lula diz que projeto de reeleição de Biden é o estímulo para ele ser candidato em 2026

Crédito da foto: Reprodução Presidente Lula em entrevista a jornalista Débora Bermagasco

Por Débora Bermagasco / SBT

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a candidatura do presidente Joe Biden à reeleição dos Estados Unidos é um "estímulo" para que ele volte a se candidatar em 2026. A declaração foi dada em entrevista exclusiva ao jornalismo do SBT.

“Nesses dias eu fui a Hiroshima, encontrei com o presidente Biden e eu perguntei se era verdade que ele iria concorrer. Ele falou 'vou'. Eu falei, isso é um estímulo, eu sou mais novo do que ele”, disse Lula.

Lula destacou que o governo vai ter candidato à reeleição, mas que não vai permitir que ministros façam campanha antecipada:

“É importante que a gente tenha muita paciência, muito cuidado. Eu não vou permitir que ministro meu faça política antes do tempo. Fazer política depois que chegar março ou abril de 2026, que ele tiver a convenção partidária, que ele quiser ser candidato, que quiser se afastar do governo ele pode ser candidato. Dado concreto é que eu trabalho muito para que governo tenha um candidato.” 

 

Acordos

Perguntado sobre a relação do governo com o Centrão, Lula disse que não costuma utilizar esse termo. “É um apelido que se deu num momento histórico em que eu estava como deputado na Constituinte. Que era para evitar que a gente tivesse muitos avanços na área social”, explicou.

O presidente ponderou que é importante conversar com os partidos:

“A orientação que os líderes do governo têm no Congresso Nacional é conversar com todos os partidos, independentemente da ideologia do partido, se é oposição, se não é oposição. A gente vai conversar com todo mundo que tem voto no Congresso Nacional.”

Lula admite que o PT e a esquerda não têm os votos. “Para aprovar as coisas que nós queremos, nós precisamos de votos. Então você conversa com quem tem voto”, afirmou.

Quando questionado sobre a vontade de o partido Progressistas querer mais participação no governo, Lula assegurou que quem escolhe o cargo é o governo:

“Se eu tiver que fazer acordo com partido político, eu vou dizer para ele: Eu tenho tal cargo, tal ministério, quero saber se você quer participar ou não. Porque senão você não governa. Sou favorável que a gente faça os acordos necessários para garantir a governabilidade do governo.”

Lula defende que os projetos do governo são de interesse do povo brasileiro e que tem intensificado a articulação com o legislativo:

“Meu chamamento é para que todos passem para a história como o Congresso Nacional, os deputados e senadores que ajudaram a transformar esse país. Que ajudaram a extirpar o ódio desse país e a colocar mais sensibilidade, mais fraternidade, mais amor na mesa, porque é isso que o país está precisando e é isso que nós vamos construir.”

 

Setor agrícola

Lula falou sobre a relação com o setor agrícola:

“O agronegócio nunca votou em mim. Eu não me preocupo com isso. Nós fizemos um Plano Safra para atender aos interesses soberanos do país, que atingem o agronegócio. Eu nunca vou perguntar se o cara votou em mim. O Plano Safra está aí para a agricultura brasileira.”

O presidente também lembrou a destinação de recursos dentro do programa para pequenos e médios agricultores:

“Um cidadão que tem vinte mil alqueires de soja, não tem uma galinha caipira para ele comer, não cria um porquinho. Ele vai comprar do pequeno. O que nós queremos é que a agricultura esteja tranquila, produzindo, feliz para que o Brasil possa continuar crescendo.”

Lula antecipou que prepara um projeto para disponibilizar terras improdutivas:

“Esse negócio de invasão de terra vai acabar. Vamos apresentar um projeto de propriedades improdutivas. Isso vai permitir que o governo tenha uma prateleira de projetos. Se alguém quiser trabalhar no campo, nós vamos dizer: está aqui, tem terra em tal estado, em tal cidade.”

 

Florestas

O presidente também falou sobre o andamento das articulações com países em desenvolvimento que preservam florestas na negociação com países ricos:

“Nós temos, em agosto, uma reunião com todos os países da América do Sul, em Belém, para discutir a questão da preservação da nossa floresta, vamos trazer a Indonésia para participar, e os dois Congos, que são os países que tem a maior quantidade de floresta em pé.”

Lula detalhou que o objetivo é chegar nos Emirados Árabes, na Cop 28, com o projeto único dos países que tem floresta para mostrar ao mundo:

“Nós temos o que preservar, mas para preservar é preciso que vocês contribuam porque nas nossas florestas. Nelas moram 50 milhões de pessoas. Essas pessoas comem, querem trabalhar, querem ter acesso a bens materiais e precisamos garantir que elas vivam com dignidade. O mundo rico precisa cumprir com aquilo que promete. Desde 2009 que o mundo rico prometeu 100 bilhões de dólares e ainda não cumpriu.”

 

Futebol

Lula sobre a escolha da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) por Fernando Diniz para o comando da Seleção Brasileira. Disse ser fã de Diniz, avalia que ele tem “personalidade, criatividade e comando do vestiário” e acha que “vai aproveitar bem” essa oportunidade. Mas ponderou sobre a geração atual de atletas brasileiros:

“O problema é que a gente não tem hoje a qualidade dos jogadores que a gente já teve em outras épocas. Nós estamos numa entressafra não muito boa. A molecada sai do Brasil com 16, 17, 18 anos e só volta com 36, 37, 38. Nós apresentamos um trabalhador no ápice e o contratamos aposentado.”

Sobre a contratação do italiano Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid que só deve chegar para treinar a Seleção em junho de 2024, Lula questionou:

“Nunca foi técnico da Itália. Por que não resolve o problema da Itália, que não foi nem disputar a última Copa do Mundo?”

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