Nesta quinta-feira, 23, a guarda municipal Dorgineide da Silva denunciou a perseguição que vem sofrendo após participar de protestos contra a gestão Allyson. A servidora foi transferida para a antiga feira da Cobal, onde não tem condições de trabalho
Por César Santos – Jornal de Fato
Na celebração da Liberdade em Mossoró, no dia 30 de setembro, os guardas civis protestaram contra a gestão do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) no Corredor Cultural da cidade, onde estava sendo realizado o Cortejo da Liberdade. Aos gritos de “mentiroso” e “blogueirinho”, os manifestantes incomodaram o chefe do Executivo, que estava acompanhado de outras autoridades no palanque oficial.
Outro protesto que desagradou ao prefeito ocorreu na abertura da Ficro 2023, em outubro, que ficou marcado por confrontos entre os manifestantes e a claque de Allyson Bezerra, além dos saltos e socos para o ar protagonizados pelo chefe do Executivo.
Os protestos tiveram uma reação dura do prefeito. Ele recorreu à Justiça para impedir a mobilização dos profissionais e conseguiu, no Tribunal de Justiça do Estado (TJRN) suspender a paralisação das atividades, com um mandado de segurança deferido pelo desembargador Amaury Moura Sobrinho.
Não parou por aí, segundo o sindicato da categoria, o Sindguardas. Há relatos dando conta que os guardas que participaram dos protestos estão sendo perseguidos pela gestão municipal. As perseguições são materializadas com transferência de locais de atuação, relocando os profissionais em locais de pouca ou quase nenhuma condição de trabalho.
Nesta quinta-feira, 23, a guarda municipal Dorgineide da Silva denunciou a perseguição que vem sofrendo, segundo ela, do comando da Guarda Civil Municipal. A servidora pública afirma que é consequência por ter participado da luta da categoria.
Conforme noticiado pelo jornalista Bruno Barreto, baseado nos relatos de Dorgineide, ela foi removida do Pelotão Maria da Penha para um alojamento em condições insalubres na antiga feira da Cobal, localizado no centro da cidade.
A guarda, a única mulher deslocada para a Cobal, fez fotos e vídeos do local para reforçar a denúncia. Ele chama novo ambiente de trabalho de “uma pocilga”, e afirma que “não tem condições de uma mulher usar o banheiro”.
“Sou uma das guardas municipais mais antigas. Esse comandante que entrou agora não gosta de mim por causa desse embate, e ele resolveu me punir me tirando do Pelotão Maria da Penha”, afirma.
Segundo o jornalista que noticiou a denúncia, a assessoria de comunicação do município negou a situação, apesar das imagens exibidas pela denunciante. Dorgineide rebate: “Meu plantão foi ontem (quarta-feira, 22) e tenho registro do meu cadastro. Fiz um vasto conteúdo entre fotos e vídeos. Eu estava in loco!”.
Ao Blog do Bruno Barreto, o presidente do Sindguardas-RN, Heber Monteiro, afirmou que a transferência de Dorgineide e de outros guardas coincide com as manifestações contra o prefeito Allyson Bezerra.
Relatos de perseguições já haviam sido denunciados de público. A deputada estadual Isolda Dantas (PT) afirmou, na entrevista ao “Cafezinho com César Santos”, na edição do Jornal de Fato de domingo, 19, que o prefeito estava perseguindo servidores públicos:
“O prefeito está perseguindo a guarda municipal. Nós temos informações de perseguições cruéis, que beiram à desumanidade, contra os guardas que ousaram protestar contra o prefeito. Determinados guardas foram colocados em lugares muito perigosos, sem ter porte de arma, como se fosse vingança.”
Luta
Sem reajuste salarial há sete anos, os guardas municipais lutam pela recomposição, adicional de risco e um plano de reestruturação profissional, entre outros pontos que constam na pauta de reivindicações. As manifestações públicas foram consequência da falta de diálogo, mesmo Allyson Bezerra tendo feito promessas durante a campanha eleitoral e nos primeiros meses de gestão em 2021.
Prefeito tem confronto com várias categorias de servidores
A falta de diálogo levou os servidores da Guarda Municipal a iniciarem uma série de protestos contra a gestão de Allyson Bezerra. Em setembro e outubro, os guardas ocuparam as ruas do centro comercial de Mossoró, concentraram-se no pátio da sede da Prefeitura e levaram a mobilização para a Câmara Municipal.
A primeira grande mobilização dos guardas ocorreu durante o Cortejo da Liberdade, no dia 30 de setembro, com protesto no Corredor Cultural de Mossoró. Ao chegar para o evento que celebrou os 140 anos de Abolição da Escravatura na cidade, o prefeito foi “saudado” pelos manifestantes com gritos de “mentiroso” e “blogueirinho”, uma alusão a atividades de Allyson nas redes sociais.
Em outra mobilização, os manifestantes levaram “Judallyson” às ruas de Mossoró. Trata-se do boneco criado pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (SINDISERPUM) que, segundo a entidade, representa o que o prefeito é. “O nariz de Pinóquio é devido às mentiras ditas pelo prefeito e a roupa de Judas representa a traição do prefeito aos servidores públicos”, justifica.
Além dos guardas municipais, os agentes comunitários de saúde e de combate às endemias também se mobilizaram em defesa de direitos represados. A categoria cobrou o Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR), melhores condições de trabalho e respeito aos direitos garantidos por lei.
Em reação, Allyson Bezerra enviou à Câmara Municipal um projeto do novo PCCR dos servidores gerais. A proposta, aprovada, foi criticada pelos servidores porque não foi discutida com os sindicatos que representam as categorias.
A diretoria do Sindiserpum considerou um “novo golpe” contra os servidores e fez pressão para que a Câmara não aprovasse, mas como a bancada governista tem maioria confortável, a proposta virou lei.
Tags: