Quarta-Feira, 01 de maio de 2024

Postado às 09h30 | 04 Abr 2024 | redação Direita e esquerda disputam votos para a Reitoria da Ufersa nesta quinta-feira

Crédito da foto: Jornal de Fato Campus da Ufersa em Mossoró

Por César Santos – Jornal de Fato

Quatro anos depois do tumultuado processo sucessório na Reitoria da Universidade Federação Rural do Semi-Árido (UFERSA), docentes, discentes e técnicos administrativos voltam às urnas para eleger uma lista tríplice para reitor e vice-reitor da instituição. São quase 12 mil aptos a votar no campus central de Mossoró e nas unidades de Angicos, Caraúbas e Pau dos Ferros.

A disputa envolve os mesmos nomes da consulta de 2020:

A reitora Ludimilla Oliveira tentará a reeleição. Ela tem com candidata à vice-reitora a professora doutora Monique Lessa, do curso de Arquitetura e Urbanismo do campus de Pau dos Ferros. Ludimilla foi a terceira opção escolhida pela comunidade universitária, mas acabou nomeada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL).

O professor doutor Rodrigo Codes tentará chegar ao cargo máximo da Ufersa mais uma vez. Em 2020, foi o mais votado na consulta universitária, mas acabou preterido pela Presidência da República. Neste ano, Codes tem como companheiro de chapa o professor doutor Nildo da Silva Dias, do Centro de Ciências Agrárias.

O terceiro candidato também disputou em 2020. O professor doutor Jean Berg terminou na segunda colocação e também foi preterido pelo ex-presidente Bolsonaro. Ele como candidato a vice-reitor o professor doutor Quirino Silva Júnior.

Direita X esquerda

No processo passado, a política partidária se sobrepôs à vontade da comunidade acadêmica. Os dois primeiros colocados, Codes e Jean Berg, nomes ligados à esquerda, não tiveram chance de nomeação. Bolsonaro optou pela nomeação de Ludimilla Oliveira, que abertamente defende pilares da direita brasileira.

Bolsonaro fez questão de anunciar a nomeação de Ludimilla Oliveira durante visita administrativa a Mossoró, no dia 21 de agosto de 2020. A professora assumiu o cargo no dia 8 de setembro daquele ano, entrando para a história como a primeira mulher a ocupar o cargo máximo da antiga Escola Superior de Agronomia de Mossoró (ESAM).

Apesar de desrespeitar a opção da maioria, expressada em processo democrático, com voto direto, Bolsonaro não cometeu ilegalidade. Ele se ateve aos nomes da lista tríplice enviados ao Ministério da Educação e, seguindo o processo legal, escolheu um dos nomes da lista. A opção não surpreendeu, isso porque o ex-presidente já havia deixado a determinação de evitar reitores de instituições federais com perfis políticos de esquerda.

 

RESULTADO DE 2020

- Rodrigo Codes: 37,55%

- Jean Berg: 24,48%

- Ludimilla Oliveira: 18,33%

 

NÚMERO DE ELEITORES 2024

- Discentes: 10.679

- Docentes: 748

- Técnicos administrativos: 520

- Total: 11.947

 

Crise de quatro anos

Assim que o nome da professora doutora Ludimilla Oliveira foi oficializado pelo então presidente Jair Bolsonaro, várias manifestações de protesto foram lançadas dentro da Ufersa, principalmente coordenadas pelo Centro Acadêmico, então presidido pela estudante Ana Flávia. Inclusive, a reitora e a líder estudantil se envolveram em episódios de confrontos, com o embate invadindo questões pessoais.

A crise política na Ufersa avançou para a esfera judicial. Um processo ganhou força contra o título de doutorado de Ludimilla Oliveira, que foi acusada de plágio na tese de conclusão da pós-graduação dela na área de arquitetura e urbanismo.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) chegou a cassar o título, mas a reitora o recuperou na Justiça Federal de segundo grau.

As questões políticas, judiciais e pessoais acabaram interferindo no ambiente da Ufersa. A crise comprometeu o funcionamento da instituição e, certamente, o novo processo sucessório da Reitoria se dará em ambiente delicado. Agora, caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a palavra final.

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