Domingo, 24 de novembro de 2024

Postado às 22h00 | 05 Abr 2024 | redação Em meio à crise, Prates não participa da reunião de Conselho de Administração da Petrobras

Crédito da foto: Reprodução Jean Paul Prates

O Globo

A reunião do Conselho de Administração da Petrobras, que aconteceu nesta sexta-feira, não contou com a participação de Jean Paul Prates, presidente da estatal, segundo fontes.

Prates está sob forte pressão nos últimos dias, com aliados dos ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, defendendo uma troca de comando na estatal. O executivo também não participou da reunião da diretoria, que ocorre toda sexta-feira, segundo uma outra fonte.

Em meio à ausência de Prates, que além de presidente é um dos conselheiros da Petrobras, a reunião não tratou de temas relacionados à mudança no comando da empresa. Também não foi discutido uma possível mudança na distribuição dos R$ 43,9 bilhões de dividendos extraordinários da estatal, tem que foi o estopim para a disputa pelo comando da petrolífera.

Na reunião anterior do conselho, de março, Prates defendeu a distribuição de metade desses recursos aos acionistas. Mas o colegiado, que tem a maioria formada por nomes ligados a Silveira, optou por não fazer o repasse. Numa reviravolta recente, um encontro na última quarta-feira entre Silveira, Costa e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teria selado um entendimento pela distribuição de metade dos dividendos.

Segundo um participante da reunião do Conselho desta sexta-feira, o clima foi de "baixo astral".

Na visão dos conselheiros, a briga pública entre Prates e Alexandre Silveira, deixa a companhia em um estado de "paralisia".

Prates é classificado como um "bom CEO" para parte do colegiado e tem o apoio dos conselheiros representantes dos minoritários, da representante dos funcionários da Petrobras e também de Bruno Moretti, indicado pela União.

Segundo um dos conselheiros, uma ala do PT tenta articular para que o presidente do BNDES, que neste momento é o mais cotado para substituir Prates no comando a estatal, vá para a presidência do Conselho de Administração da Petrobras. Assim, Prates seria mantido CEO da petrolífera.

O problema dessa solução, diz a fonte, é como o PSD, partido de Silveira, vai reagir.

-Embora seja uma solução quente (ou seja, a mais discutida neste momento), Lula vai definir e avaliar isso - destacou a fonte.

 

'Assembleia será a arena da briga', diz fonte

Segundo duas fontes ouvidas pelo GLOBO, Mercadante não estaria disposto a assumir o comando da Petrobras.

-O problema é que hoje não há um nome para substituir Prates - diz um nome a par das discussões dentro da empresa.

Para interlocutores ligados ao colegiado da Petrobras, essa turbulência é um desastre e afeta em cheio a credibilidade da companhia.

-O governo ainda não entendeu que não é dono da Petrobras - reclamou um conselheiro ligado aos minoritário.

A distribuição de metade dos dividendos extraordinários da companhia, motivo da atual crise entre Prates e Silveira, só deve ser proposta formalmente no dia da Assembleia de Acionistas da companhia, no dia 25 de abril.

-A Assembleia será a arena da briga atual de poder - destacou uma fonte.

 

Tentativa de ofuscar a crise elétrica

A volta à carga na pressão política pela substituição de Jean Paul Prates no comando da Petrobras esta semana é interpretada, por interlocutores próximos ao presidente da estatal, como uma tentativa de ministros de ofuscarem suas próprias crises

Segundo esses aliados de Prates, o ministro de Minas e Energia estaria tentando tirar dos holofotes os problemas no setor elétrico brasileiro. A crise na Enel, alvo de críticas após sucessivos episódios de falta de luz em São Paulo, levou Silveira a anunciar que pediria a caducidade do contrato de concessão da empresa no início desta semana.

Na leitura de interlocutores de Prates, o ministro quer agora desviar o foco desta crise na Enel e, por isso, voltou a criticar publicamente gestão da Petrobras.

—Tudo que está sendo feito é para desviar a atenção de seus próprios problemas — diz uma fonte.

Segundo os auxiliares próximos de Prates, uma evidência de que a gestão do executivo estava na direção correta é a sinalização de que o governo decidiu distribuir os dividendos extras da Petrobras nos mesmos moldes sugeridos pelo presidente da estatal.

 

Dividendos fortalecem caixa do governo

No centro da crise atual, estão os dividendos, que são a parcela do lucro de uma empresa distribuída a acionistas. Algumas companhias distribuem também os chamados dividendos extraordinários, que são uma parcela extra, valor pago acima do mínimo obrigatório.

A decisão de reter os dividendos fez a Petrobras perder mais de R$ 60 bilhões em valor de mercado, já que investidores esperavam que ao menos parte seria distribuída.

Os dividendos da Petrobras renderão cerca de R$ 12 bilhões à União se forem 100% distribuídos. Mesmo que seja apenas a metade, como Prates defendeu na reunião do Conselho da estatal em busca de um consenso, serão mais R$ 6 bilhões no caixa do governo federal.

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