Por Clarissa Oliveira - da CNN
Ao resgatar a ideia de acomodar Gleisi Hoffmann em um ministério no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva colherá como principal fruto um arrefecimento significativo da disputa interna no PT.
Se depender das previsões que circulam neste momento, Lula deve mesmo acomodar Gleisi em um posto na Esplanada, provavelmente a Secretaria-Geral da Presidência.
Gleisi é cotada há tempos para ocupar a pasta hoje liderada por Márcio Macêdo. Nos bastidores, a Secretaria-Geral é inclusive citada por líderes petistas como já pertencente à “cota” da presidente do PT no governo, já que boa parte das indicações para montagem da equipe partiram dela, segundo os relatos.
Mas as especulações tinham esfriado desde o ano passado, após Gleisi declarar que cumpriria até o fim seu mandato no PT — o termo se encerra somente no meio deste ano.
O nome de Gleisi voltou ao radar de Lula no redesenho da Esplanada nos últimos dias, segundo informação veiculada pelo jornal O Globo e confirmada pela CNN. Caso se confirme já para este início de ano, a nomeação resultará em um mandato tampão no comando do PT, que deve ser exercido por algum dos atuais vice-presidentes da sigla.
A indicação de Gleisi, na visão de líderes petistas, ajuda a acalmar a movimentação do grupo da deputada em torno de sua substituição no comando partidário. Lula quer emplacar o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva na Presidência do PT. Mas a ala ligada a Gleisi resiste. Um dos nomes ventilados por esse grupo como alternativa é o de José Guimarães, atual líder na Câmara dos Deputados.
O cargo é fundamental na estratégia do governo, pois o novo presidente do PT é quem vai conduzir o processo eleitoral de 2026.
A escolha de Edinho pode mudar toda a dinâmica interna da legenda, com um fortalecimento da ala mais próxima ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Edinho também mantém ótima relação com o novo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, e conta com padrinhos ilustres na legenda, como José Dirceu.
Fruto de muito fogo amigo e dor de cabeça para o governo, a briga interna do PT contaminou significativamente as relações entre ministros na primeira metade do mandato.
A troca de farpas chegou a se dar de maneira aberta, com divergências frequentes entre Gleisi e Haddad sobre a condução da política econômica. É esse tipo de atrito que Lula pretende evitar nos próximos dois anos, de acordo com aliados.
Em meio às conversas para trocas na Esplanada, pessoas próximas a Gleisi chegaram a falar em um retorno da deputada à Casa Civil, tese que enfrenta reação da ala ligada a Haddad. Gleisi também já teve o nome cotado para a pasta do Desenvolvimento Social, hoje comandada por Wellington Dias.
Na Secretaria-Geral, ela poderia aproveitar a experiência de anos no comando do PT e ajudar a estreitar a relação com movimentos sociais. A dificuldade de mobilização pelo País afora é tida como um dos principais entraves enfrentados pelo governo, principalmente diante da aproximação do processo eleitoral de 2026.
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