Na próxima terça-feira, 18, a comunidade acadêmica vai às urnas para reconduzir a reitora Cicília Maia e o vice-reitor Chico Dantas, na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Eles serão reeleitos para mais quatro anos, em chapa de consenso
Por César Santos – Jornal de Fato
Na próxima terça-feira, 18, a comunidade acadêmica vai às urnas para reconduzir a reitora Cicília Maia e o vice-reitor Chico Dantas, na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Eles serão reeleitos para mais quatro anos, em chapa de consenso. Pela primeira vez, desde a estadualização, não há disputa pela Reitoria da Uern. Para Cicília, o perfil de sua gestão e a construção coletiva explicam a unidade.
No “Cafezinho com César Santos”, a reitora faz avaliação criteriosa de sua primeira gestão, pontuando a autonomia plena da instituição como maior conquista, e destacando outros feitos importantes realizados ao longo dos últimos quatro anos. Cicília Maia também aborda a carta-programa construída coletivamente que norteará o seu segundo mandato.
Confira:
Há quatro anos, quando a senhora anunciou a candidatura à Reitoria da Uern, em entrevista ao Jornal de Fato, assumiu o compromisso de fazer uma gestão com novas perspectivas, novas metas e compromissos e, nesse contexto, havia pautas históricas como a autonomia plena da instituição. A sua primeira gestão tem sido fiel a esse compromisso assumido em 2021?
Sim, César. Quando colocamos nosso nome e o do professor Chico à disposição da comunidade uerniana tínhamos consciência da responsabilidade e dos desafios que teríamos neste percurso. Essa consciência e responsabilidade estão conosco até hoje e foram base para o trabalho que começamos a fazer, a partir do momento que a comunidade acadêmica nos confiou a liderança da Uern pelo período de 2021 a 2025. Por isso, começamos nossa gestão liderando toda a comunidade, trabalhando a integração dos segmentos, buscando viabilizar a conquista das pautas históricas e prioritárias naquele momento, que eram a busca da autonomia financeira, a aprovação de um Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações para nossos técnicos e docentes, e o fim da lista tríplice no processo de escolha da reitoria e vice-reitoria da universidade. Com muito diálogo, trabalho, dedicação e compromisso, fomos vendo esses sonhos tornarem-se realidade, um por um. Com estas conquistas, a ter maior segurança no planejamento das ações institucionais e, principalmente, na execução dos serviços que a Uern necessitava. Ampliamos o investimento em assistência e permanência estudantil, elevando para mais de R$ 9 milhões o total de recursos alocados nessa área. Para se ter uma ideia, em 2021, sem autonomia financeira, esse valor foi de R$ 700 mil. Então, podemos dizer que, com a autonomia, começamos a poder realizar coisas que antes planejávamos, mas os recursos necessários não chegavam. É uma realidade totalmente diferente. E temos consciência de que isso exige maior zelo, comprometimento e responsabilidade para gerir da melhor forma esse patrimônio vivo do povo potiguar que é a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
Pode ser dito que a conquista da autonomia financeira da Uern é o maior feito de sua primeira gestão? Quais os impactos, concretos, que a senhora pode afirmar?
Com certeza, César. A autonomia financeira da Uern é uma conquista que vai além do Rio Grande do Norte, servindo de referência para outras instituições estaduais de ensino que não possuem autonomia financeira e sofrem as consequências duras disso. No âmbito da Uern, nossa comunidade comemora uma conquista resultado do trabalho de várias gerações que, cada uma ao seu modo, foram fundamentais nessa luta para que chegássemos a este momento. É justo destacar também que esse avanço foi possível por termos, neste momento, a compreensão e apoio da governadora Fátima Bezerra e toda sua equipe - que pautou a autonomia da Uern desde o início da sua gestão, e cumpriu o compromisso assumido - e também dos parlamentares potiguares, a partir do presidente Ezequiel Ferreira, que nos receberam em seus gabinetes, abertos a entenderem a importância da autonomia para a universidade, e nos possibilitaram termos o projeto da autonomia aprovado por unanimidade na Assembleia Legislativa.
De forma concreta, como a senhora pontua a autonomia financeira?
A universidade vem sentindo os resultados positivos desta conquista, vendo a instituição avançar em áreas que, historicamente, necessitavam de melhorias. Enquanto antes da autonomia nosso orçamento efetivo só conseguia ser aplicado basicamente em folha de pagamento e custeio essencial, com a autonomia passamos a conseguir aplicar recurso para investimentos, executando novas obras e promovendo aquisição de equipamentos e materiais, dando o suporte necessário ao trabalho de docentes e técnicos para o atendimento dos nossos estudantes e da comunidade em geral. Estamos executando novas obras em toda a universidade, por exemplo, cumprindo demandas importantes que antes não conseguíamos. Em Mossoró, por exemplo, iniciamos as obras de reforma do antigo ACEU, garantindo que em breve a cidade possa contar com um importante Centro Cultural, no centro da cidade de Mossoró. Estamos investindo em novos laboratórios, unindo recursos próprios e recursos captados nas esferas estadual e federal, possibilitando o surgimento de novas estruturas para nossa comunidade. Investimos alto em infraestrutura tecnológica, modernizando a universidade em termos de sistemas e conectividade. Então, vivemos outro momento da Uern. E com esse trabalho realizado e com o sentimento de que juntos podemos fazer ainda mais, colocamos nossos nomes à disposição da comunidade para a reeleição, objetivando concluir etapas importantes deste trabalho e prospectar novas. Neste ano, vivenciaremos uma etapa importante que será a repactuação da autonomia, com o Governo do Estado, garantindo a sua efetividade para os próximos anos. Temos certeza que conseguiremos avançar, consolidando cada vez mais este instrumento tão importante para a Uern.
Quando a senhora assumiu a Reitoria, já existia o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), um documento que trata do planejamento da instituição para um período de dez anos, compreendendo o período de 2016 a 2026. Como a sua gestão administra esse plano elaborado pelo Conselho Universitário?
O PDI é o documento que orienta toda a gestão institucional, junto com documentos base estaduais e federais, como os planos estadual e nacional de Educação e outros parâmetros. Dessa forma, nosso planejamento não perde de vista o que a comunidade acadêmica aponta no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). E estamos chegando ao período de iniciar as discussões para planejar o novo PDI, com o atual encerrando sua vigência em 2026. É uma oportunidade muito salutar em que toda a universidade se une para pensar e planejar os rumos da instituição, atrelados aos desafios da sociedade em geral. Analisando as metas previstas no PDI 2021-2026 vamos perceber o quanto a Uern foi crescendo, desenvolvendo-se e se firmando como uma universidade socialmente referenciada, inclusiva e includente. É neste caminho que pretendemos seguir pelos próximos quatro anos.
A senhora prometeu uma gestão que iria elevar ainda mais a instituição no cenário nacional. O fato de a senhora ter sido eleita presidente da Associação Brasileira de Reitoras e Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (ABRUEM), o que coloca a Uern no centro das discussões nacionais sobre a educação superior pública no Brasil, consolida o seu compromisso?
Nossa maior satisfação é colocar a nossa Uern nos espaços importantes de discussão e fortalecimento da educação pública e a nossa participação na Abruem representa isso. Uma entidade nacional e representativa que é composta por 46 universidades, entre instituições estaduais e municipais, que estão inseridas em realidades semelhantes e que enfrentam desafios semelhantes, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento do país. Voltamos a presidir esta entidade consolidando nosso compromisso, após 20 anos, colocando a Uern no centro das discussões nacionais sobre o ensino superior, uma posição que nos permite participar diretamente da construção de políticas e diretrizes que moldam o futuro das universidades estaduais e municipais do Brasil. É uma oportunidade única de dar voz às nossas demandas individuais e coletivas, compartilhar nossas conquistas e, principalmente, colaborar para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentável.
A Uern passou a ter um papel de destaque a partir de sua posição na Abruem?
A partir do momento que conquistamos a autonomia financeira, a Uern entra em um rol de universidades que passam a servir de parâmetro para uma luta que muitas instituições ainda mantêm. Recebemos aqui, por exemplo, colegas da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), para conhecer melhor o processo do trabalho feito até a autonomia. Nos fóruns das universidades, a Uern sempre está em diálogo direto com outras instituições, conhecendo suas experiências e também colaborando por meio de sua expertise. Isso tornou possível que nosso nome fosse considerado para assumir a presidência da Abruem, o que mostrou a seriedade do projeto de gestão desenvolvido em nossa universidade. Assumimos com muita alegria, sendo a segunda reitora da Uern a chegar a essa posição, depois do reitor Walter Fonseca, que foi o primeiro dirigente uerniano a assumir este desafio. E, desde então, temos contado com o apoio de todas as reitoras e todos os reitores que compõem esta importante associação, no trabalho de pautar os projetos e necessidades das instituições junto ao Governo Federal, e também aos governos estaduais e municipais. Defendemos que qualquer discussão sobre a educação, cidadania, ciência, cultura no Brasil, passa pelas universidades estaduais e municipais, que são aquelas que mais interiorizam a oferta de educação pública neste País. Temos dialogado com o Ministério da Educação sobre isso, na tentativa de garantir maior integração entre o governo, o sistema federal de ensino superior e as universidades estaduais e municipais.
A senhora terá o mandato renovado pela comunidade acadêmica. É candidata única. Essa é a primeira vez, desde a estadualização da Uern, que não há disputa pela Reitoria da instituição. Como a senhora construiu essa unidade?
Quero antes de tudo agradecer a toda comunidade universitária da Uern (estudantes, docentes e técnicos administrativos) pelo apoio incondicional nestes últimos anos e dizer que continuaremos, eu e o professor Chico, com nosso espírito público, democrático e transparente nos próximos quatro anos. Olhando para esses últimos anos podemos dizer que foi esse nosso perfil e a construção coletiva que nos credenciou para vivenciarmos esse momento enquanto candidatos únicos, o que aumenta nossa responsabilidade e estamos aproveitando cada minuto para que as pessoas possam pautar o que esperam da Uern nos próximos anos.
A candidatura única significa que a sua gestão conseguiu unificar as correntes políticas e ideológicas dentro da instituição ou representa uma fragilidade do grupo de oposição?
Acredito que a comunidade entendeu que, neste momento, pelo trabalho desenvolvido, deveríamos continuar a desenvolver o trabalho que está sendo feito. O ambiente acadêmico é um espaço que deve ser plural, diverso e democrático. É sempre bom termos um espaço de debates, com opiniões divergentes, mas que tenham sempre uma coisa em comum, que é o melhor para a universidade.
O que a senhora planeja para a segunda gestão?
Assim como fizemos na campanha passada, trabalhamos com a ideia de uma carta-programa construída coletivamente. Foi neste sentido que, antes do período de propaganda eleitoral, lançamos a plataforma Diálogo Aberto, na qual as pessoas puderam enviar suas propostas, sugestões, críticas, e construir conosco a base do documento que apresentamos à comunidade acadêmica, com 100 propostas de ações para a nova gestão. Uma de nossas prioridades é a luta, que iniciamos ainda na atual gestão, pela aprovação da lei atualizando o quadro de servidores da universidade, dando as condições para que possamos ter uma quadro de servidores com uma quantidade de pessoas que atendam às necessidades atuais da nossa universidade. Nos últimos anos a Uern se expandiu, com novos cursos de mestrado e doutorado, novas estruturas acadêmicas e administrativas, e isso requer naturalmente a presença de servidores. Além disso, queremos fortalecer a imagem da Uern e seu papel na sociedade, apostando em ações inovadoras nos campos da Formação humana, acadêmica, e profissional; permanência estudantil; direitos humanos, inclusão e diversidade; e no campo da gestão democrática, participativa, eficiente, transparente e sustentável. Nossas diretrizes de gestão seguirão compromissos como o fortalecimento da participação coletiva nos processos decisórios; fortalecimento do diálogo com a sociedade; ampliar ambientes de acolhimento e convivência; qualificação do ensino, pesquisa, extensão, inovação, assistência e permanência estudantil; fortalecer a estrutura de pessoal e a física; valorizar a vida cultural, esportiva e de lazer; promover a saúde mental; busca de soluções criativas e inovadoras; e políticas de inclusão e respeito à diversidade. É por meio destas diretrizes que guiaremos nosso trabalho.
É natural que cada gestor deixe uma marca própria dentro da instituição. O seu antecessor, professor Pedro Fernandes, deixou uma marca positiva muito forte que foi a construção do perfil acadêmico da universidade. Qual o perfil que deixará marcada a gestão Cicília Maia?
A gestão do reitor Pedro Fernandes foi essencial para que a Uern pudesse assumir um novo momento, em sua história, em direção ao fortalecimento institucional e acadêmico. Assumimos o desafio de dar sequência a este belo trabalho realizado e apontar novos cenários. Creio que a comunidade acadêmica e a sociedade é que poderão dizer melhor quais as marcas da nossa gestão. Do nosso ponto de vista, acredito que estamos realizando um trabalho que se destaca por um maior sentimento de pertencimento por parte de estudantes e servidores, assim como da sociedade; temos ampliado a atuação da Uern além dos seus muros, com grandes e importantes programas de extensão, desenvolvidos em parceria com as comunidades; a atuação em prol do fortalecimento de políticas institucionais de ações afirmativas e diversidade é também um ponto que nos orgulhamos muito de estarmos construindo com toda a comunidade. Com uma comunidade unida e integrada estamos trilhando um caminho muito positivo que tem permitido o fortalecimento da imagem da Uern junto às pessoas, trazendo-as para perto, participando do dia a dia da universidade, mostrando que ela é um patrimônio do povo potiguar, do povo brasileiro, e nós, enquanto gestores, estamos dando o nosso melhor para zelar e tornar essa universidade ainda mais forte e acessível a todas as pessoas. Por fim, César, quero aqui aproveitar o espaço para dizer que reafirmamos nosso compromisso com a Uern, eu e o professor Chico, e continuaremos dia a dia conduzindo com muita coragem, responsabilidade, entusiasmo, trabalho e amor esse maior patrimônio vivo do povo potiguar, nossa amada Uern. Para isso, pedimos que no dia 18 de março, pelo sistema SigEleição, votem 90, professora Cicília, Reitora, e 91, professor Chico, Vice-Reitor. Muito obrigada.
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