Uma audiência pública foi convocada pelas vereadoras Marleide Cunha e Plúvia Oliveira para quarta-feira, 9, às 15h, na Câmara. O movimento trabalha para mobilizar o maior número de mães atípicas para pressionar por mudança no texto do projeto incluir
Jornal de Fato
As mães atípicas não vão recuar da luta contra a decisão do prefeito Allyson Bezerra (União) de contratar estagiários voluntários, sem qualificação, para auxiliar estudantes com deficiências e Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas escolas da rede municipal de ensino. As mães vão se mobilizar para modificar o projeto que cria o “Programa Incluir”, aprovado pela bancada governista na Câmara Municipal de Mossoró.
Uma audiência pública foi convocada pelas vereadoras Marleide Cunha (PT) e Plúvia Oliveira (PT) para a próxima quarta-feira, 9, às 15h, no plenário da Câmara. O movimento trabalha para mobilizar o maior número de mães atípicas para pressionar o prefeito a mudar pontos críticos do “Programa Incluir”.
As mães, reunidas nesta quarta-feira, 3, afirmaram que o objetivo não é confrontar a gestão municipal, mas, sim, colocar em debate pontos importantes para a educação inclusiva. As líderes do movimento afirmam que a forma como o programa foi concebido, sem ouvir as famílias atípicas, não acolhem a causa, muito menos promove a educação de crianças e adolescentes com deficiência matriculadas na rede municipal.
O Projeto de Lei Ordinária do Executivo nº 115/2025 foi aprovado na quarta-feira, 2, um dia após os vereadores assumirem compromissos com as mães atípicas de só pautarem a proposta para votação quando promovesse um amplo debate. As mães atípicas foram surpreendidas.
A bancada governista, que tem ampla maioria, cumpriu determinação do prefeito Allyson Bezerra, sem respeitar o acordo com as mães atípicas. A pressão para aprovação do projeto é para que o prefeito fizesse propaganda no Dia Mundial de Conscientização do Autismo, transcorrido justamente na quarta-feira.
A proposta foi aprovada por 17 votos a 2. Apenas as vereadoras Marleide Cunha e Plúvia Oliveira se posicionaram contra a proposta.
O Programa Incluir virou polêmica, isso porque a proposta prevê a contratação de 800 estagiários voluntários, sem exigir especialização, para auxiliar estudantes com deficiência ou autismo nas escolas da rede municipal de Mossoró. Mães atípicas afirmam que o projeto não respeita os princípios da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) e da Lei Berenice Piana, que estabelece a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
Na mídia oficial do prefeito Allyson, o programa promove a inclusão na rede municipal de ensino e atende aos anseios das famílias atípicas. O gestor, porém, não se posicionou sobre a recusa de debater o projeto com as camadas mais interessadas, no caso, as mães de alunos e alunos com deficiência e autismo.
Ativista critica retrocesso e autoritarismo de prefeito
O influencer e ativista da causa da pessoa com deficiência Ivan Baron, que tem mais de 500 mil seguidores em uma de suas redes sociais, reagiu contra a aprovação do Programa Incluir. Ele criticou a postura do prefeito Allyson Bezerra para impor a aprovação do projeto, que permite a contratação de auxiliares de sala de aula sem a devida capacitação.
“Pior presente impossível para se receber no Dia Mundial de Conscientização do Autismo, um PL que desrespeita esses estudantes e outros com deficiência. Péssimo dia para quem defende a INCLUSÃO, com essa atitude todos perdem!”, disparou em suas redes sociais.
O ativista disse que a postura de Allyson é autoritária: “A aprovação do PL 115 (Programa Incluir) se deu após a Câmara Municipal aceitar adiar a votação e discutir o projeto após uma audiência pública, porém na sessão de hoje (quarta-feira, 2), a mesma Casa que fez o compromisso com mães atípicas e movimentos sociais aprova de maneira COVARDE o PL!
“Isso tudo na base do autoritarismo de um Prefeito que se recusa a dialogar com a sociedade civil, ouvir pessoas com deficiência e a angústia de FAMILIARES ATÍPICOS que não terão mais a confiança de deixar seus filhos e filhas irem à escola para serem cuidados por estranhos”, complementou.
Ivan ainda escreveu: “RETROCESSO! O Prefeito de Mossoró/RN finalmente conseguiu aprovar o seu projeto de lei eleitoreiro que autoriza a contratação de pessoas SEM ESPECIALIZAÇÃO para auxiliar alunos com deficiência na rede municipal. Nós não queremos babás em escolas, queremos EDUCAÇÃO INCLUSIVA.”
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