BLOG DO CÉSAR SANTOS
Não era amor; era obsessão
Jerônimo Dix-huit Rosado Maia era um homem do povo. Apesar de vir de uma família tradicional e importante, dedicou toda a sua vida ao serviço público e à devoção pela terra onde nasceu. Deputado estadual duas vezes, deputado federal outras duas, senador e três vezes prefeito de Mossoró, viveu intensamente, deixando para a posteridade um dos mais impressionantes legados da história política e pública do Rio Grande do Norte.
“Quem não faz um pouco mais por sua terra, não fará nada pela terra de ninguém.” Foram frases assim que imortalizaram Dix-huit Rosado. Essa foi dita a João Goulart, durante visita oficial ao Rio Grande do Sul, no início da década de 1960, em resposta a uma “reclamação” do presidente a mais um pedido de Dix-huit por Mossoró.
O Velho Alcaide, como gostava de se denominar, fez de sua vida um romance digno de grandes escritores latino-americanos e de seu amor por Mossoró uma referência. “Quando eu falo de Mossoró, me lembro daquela canção: Não é amor, não é paixão; é obsessão. O que tenho por esta terra, ninguém pode duvidar, nem a minha mulher, nem meus filhos que me acompanham e que compreendem esse meu desespero, essa paixão por Mossoró”, dizia.
De fato, Dix-huit fez muito por Mossoró. Foi na sua gestão na presidência do Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário (INDA), governo Costa e Silva, que foi instalada a Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM), hoje Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA). E tantas outras obras que colocaram a cidade nos trilhos do desenvolvimento.
Homem grande, de estatura bem superior à média do brasileiro, Dix-huit tinha hábitos simples de camponês. Durante muitos anos, morou num apartamento pequeno demais para o seu tamanho, localizado em cima do antigo Cine Teatro Cid, do qual era proprietário-fundador.
Dix-huit nasceu no dia 21 de maio de 1912, era o 18.° filho do patriarca Jerônimo Rosado Maia, entre os 20 irmãos políticos, como o governador Dix-sept Rosado e o deputado federal de oito mandatos Vingt Rosado. Era casado com Dona Naide, que deu os filhos Liana Maria, Mário Rosado, Margarida Maria, Maria Cristina, Naide Maria e Carlos Antônio.
Ele queria morrer na cadeira de prefeito durante o expediente, fato que não aconteceu por pouco. Naquele 22 de outubro de 1996, ele acabara de chegar em casa, vindo da Prefeitura, quando respirou pela última vez. Há 21 anos, sem o Velho Alcaide.
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