Por César Santos - JORNAL DE FATO
Os políticos-eternos-candidatos descobriram que existem vida no interior do Rio Grande do Norte. Redescobriram, melhor dizendo. Eles alcançam essa sabedoria a cada quatro anos. Ou em ano eleitoral, como queira.
As cidadezinhas interioranas estão apinhadas deles desde os últimos dias. No Oeste, no Seridó, Vale do Açu, Agreste, Trairi... E a romaria em busca da simpatia popular só vai crescer até o “Dia D” do voto – 7 de outubro.
Seu Francisco, Seu José, Dona Maria, todos simples, estão sendo abraçados. O político, sem paletó, agora com calça jeans, camisa gola polo e tênis, está sentando no tamborete, tomando o café preto, arriscando uma buchada e rasgando a boca, de tanto rir com qualquer conversa sem graça.
Eles, os políticos-eternos-candidatos, apostam, mais uma vez, na inocência do povo inocente. Acreditam que a visita esporádica, o remédio para passar uma febre, o pagamento do papel de luz atrasado, a passagem para trazer um parente de volta do Sul do país, um milheiro de tijolos, entre outras bondades eleitoreiras, resolverão o mau humor do povo sofrido.
Daí, o receio: será que mais uma vez esse tipo surrado triunfará nas urnas?
Bom. Costuma-se dizer, e é verdade, que cada povo tem o herói que merece. Os representantes de hoje, em todas as esferas, foram eleitos e legitimados pelo voto. Todos se submeteram ao teste das urnas e foram aprovados. Se não estão dando conta do recado, como de fato não estão, eles carregam o DNA de cada um cidadão-eleitor.
Não resta dúvida, e todas as pesquisas de opinião pública apontam para isso, que o povo está revoltado com a classe política, que quer mudança, que não pretende repetir o voto das eleições passadas etc. etc. etc.. Há um desgaste como nunca na história deste país, por conta da bandalheira escancarada em todos os níveis.
Isso, porém, não é a certeza de que o cidadão, ao se dirigir às urnas, levará a termo a promessa de promover as mudanças na vida pública do país, a partir da eliminação, com o voto, dos políticos que não têm compromisso com a coletividade.
Por essas bandas de Poti, onde o ronco da barriga vazia faz mais barulho do que a consciência do voto, há um risco enorme de que os políticos-eternos-candidatos se sobressaiam nas urnas mais uma vez. A prática – nociva – da distribuição do “santinho” enrolado em papel bordado, novamente, se apresentará como ameaça ao voto consciente, a mudança.
E o cidadão carente, mais uma vez, será testado.
Tags: