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Postado às 12h00 | 24 Fev 2020 | Redação Opinião: divisão política fere de morte o estado democrático de direito no Brasil

Crédito da foto: Ilustração Intolerância no Brasil chega ao absurdo

Por César Santos - JORNAL DE FATO

A semana que terminou foi marcada pelo episódio grotesco de Sobral (CE), transformada em campo de guerra – literalmente – entre policiais encapuzados e armados e o senador licenciado Cid Gomes (PDT), igualmente armado com uma retroescavadeira, dirigida por ele para passar por cima dos seus inimigos.

Os policiais, grevistas, passaram por cima da lei que proíbe greve da polícia armada e atormentaram a vida dos sobralenses. Interditaram ruas, tomaram carros da própria polícia que não aderiu ao movimento e provocaram o caos. Absurdo.

Cid, dos Ferreiras/Gomes, coronéis desde sempre, entendendo que é o dono de Sobral, cidade administrada por um irmão, resolveu decidir a parada na violência. Montado numa retroescavadeira afiada para romper barreiras, mesmo sendo barreiras de gente, Cid partiu para cima, deixando claro que, quem não quisesse ser atropelado e até ser morto, saísse da frente. Absurdo.

Nesse episódio – violento, infernal, desumano, antidemocrático, aterrador, criminoso... – não há mocinhos. Não há inocentes. Todos estão errados. Todos, sem exceção. Os encapuzados e o coronel-político.

Há de se observar, também, que do lado de fora da arena medieval sobralense, foi estabelecido um cenário de renúncia do estado democrático de direito. Tal cenário odioso. Uma espécie de Fla-Flu da truculência, com torcidas transformando as redes sociais, conversa de mesa de bar, na esquina, na praça, em verdadeiros campos de guerra. Ninguém respeita ninguém.

Veja que absurdo: os torcedores dos policiais encapuzados foram rotulados de “bolsominions”; e os torcedores do coronel-político identificados de “petralhas”. Daí, o despeito, a agressão, a intolerância, um crime contra a honra etc. etc. etc..

Quanto imbecilidade, meu Deus.

E não são apenas esses idiotas agressivos – que, de inocentes, não têm nada – a formar divisão doentia. Os senhores juízes de direito fizeram o mesmo. De um lado, União Nacional dos Juízes Federais do Brasil (UNAJUF); do outro, Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE). A primeira, manifestou o direito de denunciar Cid Gomes na Procuradoria Geral da República (PGR); a segunda, exerceu o direito de desautorizar a primeira.

Consta nos bastidores da Justiça Federal que os membros da Anajuf são simpáticos ao presidente Jair Bolsonaro; e os juízes da Ajufe, contrários ao mandatário da República.

E o equilíbrio que devem ter os homens da Justiça, como fica?

Infelizmente, temos um país dividido, alimentado pelo ódio. O nós contra eles fere de morte o estado democrático de direito, castiga os brasileiros, coloca a faixa de derrotado no peito do Brasil verde-amarelo, azul anil.

E assim continuará, porque a intolerância se firmou em alicerces de concreto. Infelizmente.

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