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Postado às 10h30 | 09 Jul 2021 | Redação Retomada das aulas presenciais no RN vira polêmica política na Assembleia

Crédito da foto: ALRN Deputado Tomba Faria disse que os professores estavam de férias

Por Maricelio Almeida / Repórter do JORNAL DE FATO

Uma fala do deputado estadual Tomba Farias (PSDB) durante a sessão da última quarta-feira, 7, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN), causou indignação entre professores e professoras e repercutiu negativamente na sessão desta quinta, 8. Tomba afirmou que os docentes da rede estadual de ensino “estão de férias há 1 ano e 10 meses”, em razão das aulas presenciais estarem suspensas por conta da pandemia.

A posição do deputado surge no momento em que a categoria ameaça deflagrar greve diante do anúncio de retorno das atividades, de forma gradual, a partir de 19 de julho. Como defendem desde o início da pandemia, os professores só aceitam retornar às salas de aula após o ciclo de vacinação ter sido concluído. “Agora é a segunda dose. E depois que tomar a segunda dose, vai ser o quê? Depois que tomar a segunda greve vai ter greve. Greve de quê? Estão de férias há um ano e dez meses”, afirmou o parlamentar do PSDB.

A deputada Isolda Dantas (PT), presidente da Comissão de Educação da ALRN, fez pronunciamento rebatendo a fala de Tomba Farias. A parlamentar fez a defesa no plenário: "Professores não estão de férias. Tiveram que fazer um grande esforço para garantir o ensino remoto. Estão trabalhando até mais do que presencialmente”.

Em resposta a Tomba, cujo vídeo também circula nas redes sociais, a deputada Isolda rebateu o deputado e reforçou a importância da vacinação completa para os professores/as. “Se a segunda dose é o que garante imunidade, aguardemos a segunda dose dos trabalhadores em educação para poder retornar com as aulas presenciais. Nós temos que ter é gratidão aos profissionais da educação”.

Em carta aberta, a professora Francisca Joseni dos Santos criticou a postura do deputado. “Vossa Excelência sabe do que está falando? Ou só está arrotando ignorância como sempre? Quando for falar sobre algo e sobre a categoria de PROFESSORES em especial, procure se informar, certamente o Senhor deve ter uma Equipe competente para fazer pesquisas sobre diversos temas”, disse, acrescentando:

“Use o seu tempo e sua influência para solicitar aos gestores públicos AJUDA FINANCEIRA para os professores que tiveram que usar seus salários para pagar um pacote melhor de Internet, comprar um smartphone mais potente, bem como adquirir um notebook que suporte a demanda das aulas remotas, sabes porquê? Por que estávamos trabalhando de forma remota com os nossos alunos, ao contrário do que o Senhor diz”.

Já o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do RN (SINTE/RN) reafirmou, na última terça, 6, que a rede estadual de ensino só vai retomar suas atividades presenciais após a segunda dose da vacina contra a Covid-19. A posição foi reapresentada pelo Sindicato ao secretário estadual de Educação, professor Getúlio Marques, em audiência virtual.

O posicionamento externado pela entidade foi o aprovado pela categoria em diversas assembleias realizadas de dezembro até agora. Leva em consideração os riscos de contaminação existentes no deslocamento para o trabalho e/ou dentro do ambiente escolar, entre outros fatores. Por isso, os trabalhadores em Educação se mantêm firmes na posição de continuarem trabalhando remotamente até que estejam com o ciclo de imunização concluído. E isso só acontece 30 dias depois da segunda dose de um imunizante.

Na ocasião, o secretário voltou a afirmar que o Executivo estadual continua sofrendo pressões do Ministério Público (MP), que insiste na ideia de retomada imediata. Além disso, o secretário disse que o Comitê Científico do Estado deu sinal verde para a reabertura das escolas. Por essas razões, o Governo agendou a volta, gradual e híbrida (virtual e presencial), com acolhimento de professores e pais no dia 19 e início do ano letivo de 2021 em 26 de julho.

Diante da situação, o Sinte propôs ao secretário que os não imunizados sigam lecionando virtualmente, colocando no processo inicial de retomada apenas os trabalhadores já totalmente protegidos. Porém, lembrou que a volta também depende das condições sanitárias das escolas e adoção de protocolos de biossegurança, ocupação dos leitos de Covid no RN, índice de transmissibilidade da doença e número de mortos. Assim, o chefe da SEEC prometeu avaliar a proposição, buscando dialogar com o MP, Comitê e demais setores envolvidos.

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