Por César Santos / JORNAL DE FATO
Uma foto do ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo (PDT) com o ministro das Comunicações Fábio Faria (PSD), distribuída “cirurgicamente” nas redes sociais, cumpriu a sua missão: a turma de plantão espalhou a “chapa” Carlos Eduardo/Fábio para o Governo do RN e Senado da República, respectivamente.
Quem engoliu a corda questionou: o ex-prefeito natalense é antibolsonarista, como se aliar a um bolsonarista convicto?
Outro amenizou: o importante é o cenário local. Ou seja, o pedetista, aliado do presidenciável Ciro Gomes, pode perfeitamente fazer aliança com bolsonarista radical para tentar derrotar a chapa petista Fátima Bezerra/Jean Paul Prates.
Noutra ponta do RN, o deputado federal Benes Leocádio (Republicanos) bateu a porta de lideranças oestanas para anunciar que é pré-candidato a governador, vendendo a ideia de que conseguirá unir as oposições em torno do seu nome. Virou manchete, claro, e ganhou curtidas nas redes sociais.
Pronto.
Está iniciada a temporada do “colar, colou”, comum nesse período que antecede ao ano eleitoral. São balões de ensaio, rádio corredor e boatos de quina de rua (hoje na internet) que enchem o “noticiário” diário, mas de pouca consistência para se estabelecer no tabuleiro da sucessão 2022. Tudo bem, faz parte.
O que incomoda, porém, é que não aparece ninguém para propor um debate sobre o futuro do Rio Grande do Norte. O estado vive uma crise social sem precedente, agravada pela longa pandemia da Covid-19. Famílias inteiras desceram à linha da pobreza e as desigualdades aumentaram assustadoramente. Os políticos ignoram o cenário e se concentram apenas no discurso trivial, juntando o nada com coisa nenhuma.
A sociedade espera propostas concretas para os problemas que se agravaram. Por exemplo, como o Rio Grande do Norte vai recolocar os alunos da rede pública nos trilhos da educação? São jovens que perderam dois anos de ensino e que viram aumentar o fosso que os separam dos alunos da rede privada. Observe que as atividades remotas não alcançam os objetivos e sequer chega à maioria dos alunos das escolas públicas. Anos perdidos, que precisam ser recuperados.
Também não há um debate sobre a retomada do crescimento da economia potiguar, absurdamente devastada pela pandemia. Os números do recente estudo do IBGE colocam o RN atrás da Paraíba e em posição bem inferior no ranking da economia do Nordeste. O futuro é bem sombrio, se o estado não tiver um projeto capaz de fazer o enfrentamento à crise.
Pois bem.
O cenário político do momento é formado pela mesmice. Governo e oposição travam debate menor, centrado exclusivamente nas eleições 2022. Não há debate, não há projeto, não há perspectiva.
E, daqui a pouco, o eleitor potiguar será chamado às urnas para fazer a escolha, sem qualquer embasamento que valorize o voto.
Infelizmente.
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