Domingo, 02 de fevereiro de 2025

Postado às 10h30 | 15 Ago 2021 | Redação Fátima Bezerra: ‘Tomamos decisões acertadas na condução da pandemia no RN’

No 'Cafezinho com César Santos', a governadora Fátima Bezerra faz uma prestação de contas das ações de sua gestão no enfrentamento à pandemia, afirmando que o governo fez tudo que estava ao seu alcance. A governadora também gala sobre política

Crédito da foto: Elisa Elsie/Assecom/RN Governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra

A governadora Fátima Bezerra (PT) abriu espaço na concorrida agenda administrativa, que tem intensificado as viagens ao interior para lançamento e entrega de obras, para tomar o “Cafezinho com César Santos”.

Uma entrevista de prestação de contas principalmente de áreas vitais como saúde, educação, infraestrutura e desenvolvimento social, além de política. Aliás, no contexto político-eleitoral, a governadora deixa claro que vai colocar a sua gestão para julgamento popular nas eleições 2022, embora ressaltando que não vai antecipar o momento eleitoral.

Fátima Bezerra também confirma a visita do ex-presidente Lula ao Rio Grande do Norte, prevista para o final deste mês, e comenta sobre a parceria político-administrativa com o senador Jean Paul Prates (PT).

 

Governadora, as notícias mais recentes são todas positivas em relação à Covid-19, com o recuo da pandemia, queda nos índices de casos confirmados, ocupação de leitos de UTI e óbitos. Qual o quadro geral da doença no RN?

Sim. Felizmente hoje vivemos um quadro mais favorável da pandemia em nosso Estado. Estamos com a taxa de ocupação de leitos covid de 31,7%, queda no número de óbitos e de novos casos da doença. Para vocês terem uma ideia, a taxa média de solicitação de leitos covid no mês de maio foi de 150 solicitações/dia; em agosto esse número reduziu para 25 solicitações diárias. Na avaliação do indicador composto, metodologia adotada para avaliação do risco da covid no estado, estamos com 86% dos municípios potiguares na faixa verde, considerada de risco baixo ou tolerável. E, principalmente, temos hoje 1.808.775 pessoas que tomaram a 1ª dose de vacina, o que corresponde a 68% da população maior de 18 anos; e 707.503 da população alvo, ou 26%, totalmente vacinada com as duas doses.

A Secretaria de Saúde iniciou o processo de reversão de leitos UTI Covid para atender demanda de outras patologias. O Hospital Regional Tarcísio Maia, em Mossoró, é um exemplo disso. Como o estado chegou a esse processo?

É verdade. Em abril de 2020 o Hospital Regional Tarcísio Maia contava com apenas 09 leitos de UTI, e hoje ele conta com 30 leitos de UTI e mais cinco leitos de semi-intensiva. Isso é fruto da opção que fizemos na regionalização da saúde. Ao invés de fazer hospital de campanha, investimos na rede SUS contemplando todas as regiões de saúde. Não à toa vimos pacientes saírem de Natal para serem atendidos no interior, algo inédito em um estado cujo histórico é de concentração de serviços na capital. Chegamos, no último mês de julho, à marca de 845 leitos Covid no RN. Com o arrefecimento da pandemia, pudemos reverter esses leitos para atender demandas que estavam represadas. Mais de 200 leitos já foram revertidos, sendo 65 só de UTI. Isso nos possibilitou, por exemplo, zerar a fila de espera por UTI geral na macrorregião do oeste.

 

Foi esse novo cenário que permitiu a retomada das cirurgias eletivas no estado?

Tínhamos iniciado, em setembro de 2020, o Programa Estadual Mais Cirurgias, Mais Saúde. Diante do aumento de internações em razão da covid e do desabastecimento nacional de anestésicos para sedação de pacientes intubados, o programa teve de ser suspenso em 2021. Agora, com a redução dos casos e a regularização de estoque de anestésicos, retomamos desde o mês de julho as cirurgias eletivas, e neste mês de agosto pudemos anunciar a retomada do Programa com a meta de realizar até 10 mil cirurgias eletivas em 2021. Isso é motivo de muita alegria para o nosso governo.

 

Há um cenário, hoje, que aponta para a retomada gradativa da economia potiguar, conforme apontam os resultados fiscais e cada novo relatório da Secretaria de Tributação. A que se deve essa mudança de cenário?

Ela se deve às decisões acertadas que tomamos na condução da pandemia no RN. Muitas vezes tive que adotar medidas impopulares, mas que eram necessárias para que pudéssemos enfrentar a pandemia, salvar vidas e retomar o mais rapidamente possível as atividades sociais e econômicas. Somado a isso, está a nossa luta incansável por vacinas, o que já nos permitiu vacinar 68% da população maior de 18 anos com pelo menos 1 dose. Com o avanço da vacinação e os dados epidemiológicos favoráveis, pudemos dar seguimento ao plano de retomada gradativa das atividades econômicas, com a cautela e a responsabilidade de quem sabe que a pandemia ainda não acabou. Quando vemos resultados favoráveis na economia, como um aumento superior a 30% no volume de vendas no mês de julho, lembramos daquilo que sempre dizíamos: a economia se recupera, a vida não.

O Hospital da Mulher de Mossoró é, sem dúvida, a maior obra do Governo do RN no estado. A senhora confirma o prazo de conclusão em junho de 2022 e qual a importância estratégica do hospital para Mossoró e região?

Sim, após toda a luta que travamos para conseguir retomar as obras do hospital, iremos concluí-lo e entregá-lo ao povo do RN até junho de 2022. O hospital da mulher será o maior equipamento de saúde do estado, com 163 leitos. Estamos falando de um investimento de R$104 milhões em infraestrutura física e equipamentos. Mas, muito mais do que uma grande obra, o hospital da mulher é a realização de um sonho. Ele vai receber pacientes de mais de 60 municípios, com capacidade para cerca de 20 mil atendimentos ao ano. E funcionará também como um hospital-escola, possibilitando campo de estágio em parceria com as universidades. Nele, poderemos atender com excelência as demandas de gestação de alto risco, urgência obstétrica e ginecológica, cuidados neonatais, assistências cirúrgicas neonatal, entre outros. O Hospital terá também assistência ambulatorial, pronto-socorro, UTI, centro obstétrico com salas de parto humanizado, banco de leite humano e um serviço especializado de suporte às mulheres vítimas de violência. Essa é, sem dúvida alguma, uma das ações que nos dá muito orgulho no governo.

 

O RN é destaque nacional em desempenho quanto à expansão da rede de parques eólicos e energia solar. Onde a gestão estadual se insere para esse desempenho importante para o desenvolvimento econômico?

Trabalhamos para tornar os atrativos que temos, em termos de energia eólica, energia solar, minérios e o nosso potencial turístico ainda mais fortes. Sempre me perguntei por que, com tantos recursos e belezas naturais, os governos não convertiam isso em investimentos e cidadania para nossa gente. Através do Proedi, garantimos benefícios fiscais que podem chegar a até 95% para empresas que fabricam peças e componentes para o setor. Somos hoje o maior produtor de energia eólica do país. Desenvolvemos estudos para ampliar as áreas de implantação de usinas de geração de energia na terra e no mar, como o novo Atlas eólico e solar do Estado. Investimos em estudos para a expansão do sistema de transmissão de energia no RN. Todas ações fundamentais para manter a competitividade do estado perante aos demais estados da federação, além da segurança jurídica e do ambiente favorável aos negócios que garantimos em nossa gestão. Quero que esses fatores resultem em investimentos para o nosso estado, trazendo o que o povo mais precisa: emprego e renda.

Qual o impacto do Proedi na geração de emprego e renda no estado, levando em conta que o programa tem como fundamento principal a atração de novas empresas e a permanência das que já estão instaladas?

O impacto é total. Podemos dizer que o Proedi é um divisor de águas para economia do RN. Nosso estado tinha parado no tempo, mantinha uma política de incentivos fiscais arcaica, e estava perdendo investimentos para os estados vizinhos, como o Ceará e a Paraíba. Agora a realidade é outra. O RN retomou sua competitividade e tem hoje uma política de incentivos fiscais extremamente atrativa, com um ambiente de negócios favorável não apenas à permanecia das empresas existentes, como à atração de novos investimentos. Tornou-se comum ouvir de empresários que eles estavam de malas prontas para deixar o RN e agora estão ampliando suas atividades econômicas e contratando mais gente. Nada pode deixar um gestor mais feliz do que ver o povo com emprego, podendo viver com dignidade, ainda mais frente ao cenário que vivemos em plano nacional.

 

Governadora, a sua gestão ainda não conseguiu quitar todas as folhas salariais deixadas pelo governo anterior, mas mantém em dia o calendário de pagamento atual. A senhora entende que tem cumprido o compromisso com o servidor?

Estamos cumprindo fielmente nosso compromisso junto aos servidores. Em nosso governo, os servidores recebem seus salários rigorosamente dentro do mês trabalhado e com previsibilidade, ou seja, calendário de pagamento. Aquele cenário de atrasos, incertezas e desrespeito com quem presta o serviço público ficou no passado. Infelizmente os governos anteriores não tiveram capacidade nem para fazer o básico: manter os salários em dia. Hoje, além dos atrasos salariais serem página virada, concluímos integralmente o pagamento de duas folhas atrasadas; pagamos a 3ª folha para 80% dos servidores e, até novembro, concluiremos os 20% que faltam. Nosso compromisso é concluir todos os atrasados até meados de 2022. Os servidores e servidoras do RN contam com um governo formado 99% por servidores públicos e que sabe da importância de honrar compromissos e valorizar a categoria.

Vamos falar um pouco de política eleitoral agora. O ex-presidente Lula estará no RN no final deste mês. Essa agenda será decisiva para o PT encaminhar a construção do palanque de 2022?

Olha, o ex-presidente Lula voltará a percorrer o Brasil neste mês de agosto, após ter passado 580 dias preso injustamente, e é muito natural que ele tenha escolhido como primeiro destino a região Nordeste. Foi aqui que ele nasceu e onde o PT obteve a maior proporção de votos nas últimas eleições. Lula, com a sensibilidade que tem, quer conhecer as demandas do povo brasileiro e transmitir esperança. Claro que, em função da pandemia, ele não fará atos públicos, mas vai aproveitar essas viagens para encontrar lideranças políticas, movimentos sociais e dialogar com o setor empresarial. Na condição de governadora, vou recebê-lo com muita alegria.

 

A senhora tem visitado regiões do estado acompanhada do senador Jean Paul Prates. É uma estratégia para viabilizar o projeto de reeleição do senador?

As agendas que tenho feito pelo estado são de caráter institucional. O contexto da pandemia nos compeliu a dedicar 100% do nosso tempo a salvar vidas e cuidar da saúde do povo potiguar. Agora, com um cenário sanitário mais favorável, estamos retomando agendas importantes para o povo do RN. São entregas de escolas reformadas; programa de regularização fundiária; novas delegacias especializadas no atendimento à mulher; centrais do cidadão; crédito para trabalhadores rurais; ampliação do Distrito Industrial de Irrigação do Baixo-Açu (DIBA), entre outras. O senador Jean Paul, a exemplo de diversas outras autoridades como deputados e prefeitos, se fez presente em algumas agendas.

 

Para finalizar, se as eleições fossem hoje, a Sra. seria reeleita governadora do RN levando em conta o desempenho de sua gestão?

Olha, desde que assumimos a gestão não temos feito outra coisa além de resgatar o Rio Grande do Norte do abismo em que estava mergulhado. Encontramos um Estado colapsado do ponto de vista fiscal/financeiro e da prestação de serviços públicos. Saúde, educação e segurança pública em frangalhos. Servidores sem o direito básico de receberem seus salários. No meio de tudo isso, ainda veio a pandemia. E, com ela, passamos a trabalhar de manhã, de tarde e de noite para salvar vidas e reduzir seus impactos econômicos e sociais. Agora, com um avançado processo de saneamento das contas públicas e o governo recuperando sua capacidade de investimento, temos a alegria de anunciar um programa que vai revolucionar a educação no RN. Com a construção de 12 Institutos Estaduais de Educação Profissional; construção, reforma e manutenção de escolas; investimento em tecnologia e conectividade e uma ação de enfrentamento ao analfabetismo, temos a alegria de virar a página do abandono histórico da educação em nosso estado. Isso tudo não se faz através de milagre. É fruto de muito trabalho e boa gestão. Para lograr esses resultados, nossa atenção está dedicada exclusivamente a realizar um bom trabalho. Um trabalho à altura da esperança que o povo potiguar depositou nas urnas quando elegeu uma professora. Não estamos preocupados em antecipar o momento eleitoral. A avaliação do nosso governo será feita pelo povo do RN.

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