Domingo, 17 de novembro de 2024

Postado às 14h15 | 28 Ago 2024 | redação Dos 12 presos no Alto Oeste, dois são suspeitos da morte do prefeito e João Dias

As prisões ocorreram menos de oito horas após os assassinatos. Além dos dois suspeitos de envolvimento direto (um por execução e outro por propiciar fuga), outras 10 pessoas também foram detidas, suspeitas de formação de milícia privada na região

Crédito da foto: Sesed-RN Delegado Alex Wagner (à dir) esclarece sobre prisões

A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (SESED) realizou na manhã desta quarta-feira (28) coletiva de imprensa para esclarecer a prisão de dois suspeitos de envolvimento direto nas mortes do prefeito de João Dias, Francisco Damião de Oliveira, mais conhecido como Marcelo Oliveira, e do pai dele, Sandi Alves de Oliveira. O duplo homicídio ocorreu na manhã da terça (27). A motivação do crime ainda está sendo investigada.  

As prisões ocorreram menos de oito horas após os assassinatos. Além dos dois suspeitos de envolvimento direto (um por execução e outro por propiciar fuga), outras 10 pessoas também foram detidas, suspeitas de formação de milícia privada (grupos armados que se unem para fornecer segurança e que formam poder paralelo, à revelia das forças de segurança do Estado).  

“Importante ressaltar o empenho dos policiais em dar uma resposta rápida. Em menos de oito horas após o crime, conseguimos prender suspeitos e tirar muitas armas de circulação. Mas também é importante dizer que os esforços continuam”, acrescentou o titular da SESED, coronel Francisco Araújo.  

Durante a coletiva, o delegado Alex Wagner, diretor da Divisão de Polícia Civil do Oeste (DIVIPOE), reforçou que as investigações continuam na região, em razão da fuga de outros dois suspeitos que estavam no mesmo veículo com os dois presos por participação direta. “O helicóptero Potiguar 01, aeronave da SESED, segue dando apoio aéreo às buscas”, acrescentou o coronel Niltoildo Dantas, comandante do policiamento militar na região.  

Já com os outros dez presos, que estavam em dois veículos e foram detidos em uma ocasião distinta, foram aprendidos um fuzil, espingardas, pistolas e revólveres. “Evitamos um derramamento de sangue na cidade. O grupo, muito provavelmente, tentaria se vingar da morte do prefeito”, destacou o delegado.  

Entre os dez presos estão três policiais militares (um do Ceará e dois do RN), além de um dos irmãos do prefeito assassinado.

Surpreendido

Marcelo Oliveira, de 38 anos, e o pai Sandi, de 58 anos, foram surpreendidos pelos criminosos que chegaram em dois carros e dispararam tiros sem permitir tempo para as vítimas se protegeram. O prefeito foi socorrido para o Hospital Regional de Catolé do Rocha-PB, mas não suportou os ferimentos. Já o pai dele teve morte no local.

De acordo com o médico Wagner Martins, o prefeito deu entrada na unidade de saúde por volta das 12h desta terça-feira e estava inconsciente, mas ainda com vida. O médico disse que ele foi atingido por disparos no tórax, abdômen e membros inferiores.

"O paciente logo em seguida evoluiu para uma PCR [parada cardiorrespiratória]. A gente fez todo o protocolo de RCP [reanimação cardiopulmonar], porém o paciente, depois de realizadas todas as manobras de ressuscitação cardiopulmonar, evoluiu para o óbito, por volta de 12h20", disse.

A Polícia Civil confirmou durante a tarde que um segurança do prefeito também ficou ferido na ação criminosa.

Segundo o delegado Alex Wagner, da Divisão de Polícia Civil do Oeste (Divipoe), responsável pela investigação do caso, pelo menos oito criminosos chegaram em dois carros e praticaram os disparos contra o prefeito.

"Seriam oito pessoas que chegaram e efetuaram os disparos", disse o delegado após colher relatos de testemunhas.

"Chegaram em dois carros e efetuaram os disparos no bairro aqui de João Dias, um bairro mais afastado. Ele estava fazendo a campanha política, visitando as casas, e aí aconteceu esse atentado".

Sepultamento de pai e filho

Os corpos de Marcelo Oliveira e do seu pai Sandi serão sepultados nesta quarta-feira (28), às 16h, no cemitério público de João Dias.

Conforme a nota divulgada nas redes sociais, os corpos serão velados na residência de Marcelo Oliveira e sairão para o sepultamento às 16h, passando pela igreja Assembleia de Deus com destino ao cemitério do município.

 

O crime

O prefeito da cidade de João Dias, Marcelo Oliveira (União Brasil), foi assassinado a tiros na manhã desta terça-feira (27) durante um evento político na cidade.

Embora seja conhecido como Marcelo, o nome do prefeito é Francisco Damião de Oliveira. Ele chegou a ser socorrido para uma unidade de saúde de Catolé do Rocha, mas teve a morte confirmada pela Polícia Civil por volta das 13h.

O pai do prefeito, que estava com ele no momento do crime, também foi baleado e morreu. Ele foi identificado pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) como Sandi Alves de Oliveira, de 58 anos.

Em nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública informou que mobilizou equipes da Polícia Militar e Polícia Civil com o objetivo de identificar, localizar e prender os criminosos envolvidos. Segundo a Sesed, a motivação do crime também está sendo investigada.

Marcelo Oliveira tinha 38 anos, era casado e o atual prefeito de João Dias. Ele tentava a reeleição ao cargo nas eleições de 2024 pelo partido União Brasil.

Histórico no cargo

Eleito pela primeira vez em 2020, Marcelo Oliveira renunciou ao cargo após seis meses de mandato, mas voltou à Prefeitura em outubro de 2022, depois que alegou na Justiça que tinha sido coagido a abrir mão do cargo sob ameaças da família da sua então vice-prefeita, Damária Jácome - que também concorre ao cargo de prefeita de João Dias em 2024 pelo Republicanos.

João Dias é o terceiro menor município do Rio Grande do Norte, com pouco mais de 2 mil habitantes, segundo o IBGE. Ainda de acordo com o instituto, o município contava com apenas 294 pessoas ocupadas em 2022, com rendimento médio de 1,5 salário mínimo.

 

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