Sábado, 15 de fevereiro de 2025

Postado às 15h15 | 14 Fev 2025 | redação Policial rodoviário federal é indiciado por agressão a adolescentes em Mossoró

O caso é conduzido pela 38ª Delegacia Distrital. O homem de 34 anos foi flagrado em vídeo agredindo os adolescentes, um de 12 anos e outro de 14 anos de idade, em um condomínio do bairro Alto de São Manoel. O indiciamento foi confirmado pela defesa

Crédito da foto: Divulgação Policial rodoviária federal agrediu adolescentes em Mossoró

Por g1

policial rodoviário federal suspeito de agredir dois adolescentes dentro de um condomínio em Mossoró no dia 18 de janeiro deste ano foi indiciado por lesão corporal, confirmou a Polícia Civil do Rio Grande do Norte.

O indiciamento também foi confirmado pela defesa do servidor público, que afirmou que "já tem as provas da inocência dele".

O caso é conduzido pela 38ª Delegacia Distrital. O homem de 34 anos foi flagrado em vídeo agredindo os adolescentes, um de 12 anos e outro de 14 anos de idade, em um condomínio do bairro Alto de São Manoel.

Como lesão corporal é considerado crime de menor potencial ofensivo, o caso foi encaminhado por meio de um Termo Circunstanciado de Ocorrência, e não um inquérito.

Após as agressões, os familiares das vítimas procuraram a polícia para denunciar o caso. O vídeo que mostra o caso foi divulgado dias depois.

Em nota divulgada após a repercussão da agressão, a PRF informou que repudia qualquer tipo de violência e informou a abertura de um procedimento interno pra apurar as circunstâncias do caso. No dia 28 a PRF confirmou que o agente foi afastado das funções.

A mãe do menino de 12 anos relatou que ele teria levado socos e chutes. Já o adolescente de 14 anos foi agredido no rosto.

Em nota enviada no dia 10 de fevereiro, a defesa do policial disse que o adolescente de 14 anos teria dito que esfaquearia o filho do policial.

"Ele se afastou da situação, mas, ao ouvir novamente a ameaça de esfaqueamento contra seu filho, retornou e desferiu três tapas no adolescente antes de sair à procura de seus familiares", cita a nota (veja detalhes mais abaixo).

O vídeo

O vídeo flagrou o momento em que o policial passava por um corredor do condomínio enquanto os dois adolescentes estavam sentados no chão. Ele puxou o cabelo de um deles e o jogou contra o chão. Em seguida, passou a discutir com o outro.

Alguns segundos depois, o policial passou a agredir o outro adolescente com socos. O menino que antes havia tido o cabelo puxado correu. O policial deixou o local em seguida.

Agressão

 

Isabellyta Carlos, mãe de uma da vítimas, contou que o filho dela interfonou 15 minutos após descer do apartamento para avisar que tinha sido agredido. Ele tinha ido brincar com um amigo na quadra.

"O interfone do meu apartamento tocou e, primeiro, eu não consegui entender o que meu filho estava falando, mas ele disse: 'Mãe, sabe aquele homem que me bateu da outra vez, ele me bateu de novo, desça''", disse Isabellyta Carlos, que relatou que o policial já havia agredido o filho dela em outra oportunidade.

"Meu filho já foi vítima dele uma vez, de uma correção que ele fez sobre palavras, pra ensinar meu filho 'como tratar o filho dos outros'", disse.

Os adolescentes fugiram após as agressões - um deles pela garagem do condomínio e outro tentou se esconder na guarita do porteiro.

Ameaças do policial

Isabellyta Carlos disse que o policial ainda estava próximo ao local quando ela desceu do apartamento para a aréa em comum do prédio. Ela relatou que também sofreu ameaças.

"Quando eu desci, eu já vi a outra criança toda ensanguentada. Eu fui em busca da saída do condomínio, e meu filho estava escondido na guardinha do porteiro. E o porteiro disse: 'Suba [de volta para o apartamento], que ele está muito assustado'", contou.

Segundo Isabellyta, o policial relatou ter sido ameaçado com um canivete pelas crianças. "E nessa hora eu questionei onde estava esse canivete, e ele disse que não sabia".

O advogado de uma das vítimas disse, após a denúncia, que iria lutar para que o policial fosse enquadrado, durante a investigação, no crime de tentativa de homicídio.

"O indivíduo de alta estatura, bastante musculoso, praticante de artes marciais, um policial, que desferiu golpes, socos contra dois adolescentes. Então entendemos que esse caso é, sim, uma tentativa de homicídio e iremos atuar primeiramente agora no inquérito e no andamento do processo para que ele seja autuado por tentativa homicídio", disse o advogado Thiago Gurgel.

O que diz a defesa do policial

 

A defesa do policial rodoviário federal disse que o servidor público deu "três tapas" após o adolescente ameaçar esfaquear o filho dele. A nota também cita que o jovem teria ofendido ainda à filha do policial.

"O adolescente de 14 anos envolvido no incidente já havia protagonizado diversos episódios problemáticos no condomínio, a ponto de ser formalmente notificado para deixar o local. Entre as reclamações, consta a ameaça reiterada de esfaquear o filho do policial, motivada pelo fato de que, em uma ocasião anterior, o policial o repreendeu por dirigir palavras ofensivas a uma menina de 12 anos", disse a nota.

"Desde então, o adolescente passou a desafiá-lo com ameaças dirigidas ao seu filho, no dia da ocorrência, o adolescente encontrava-se armado com um canivete".

A defesa citou que o policial passou por problemas emocionais no último ano após a familia sofrer uma tentativa de assalto que terminou com um tiro disparado que quase atingiu a esposa do policial e o bebê do casal.

"Nos últimos 30 dias, o adolescente acumulou diversas reclamações de outros moradores, incluindo ameaças por telefone contra um jovem que mantinha um relacionamento amoroso com uma moça por quem ele nutria interesse. Esses fatos evidenciam um padrão de comportamento que precisa ser considerado na avaliação do ocorrido", disse a nota.

A defesa disse que "reitera a confiança na Justiça" e que espera que os fatos sejam apurados com "a devida imparcialidade, sem prejulgamentos, garantindo que todas as circunstâncias sejam devidamente analisadas para um julgamento justo".

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