Por Fábio Vale - Repórter do Jornal de Fato
Contar histórias de vidas de personagens no Rio Grande do Norte com passagens pelo chamado “mundo do crime”. Essa é a narrativa que guia os livros do jornalista potiguar Márcio Morais. Aos 47 anos de idade, ele resolveu encarar mais um desafio no âmbito da escrita e prepara uma obra sobre a trajetória de um ex-assaltante, considerado um dos criminosos mais temidos entre as décadas de 80 e 2000 na região Nordeste do Brasil.
Em conversa com a reportagem do Jornal DE FATO, Márcio Morais contou como surgiu a ideia de escrever um livro sobre a trajetória do ex-assaltante Pedro Rocha, que atualmente cumpre prisão domiciliar monitorado por tornozeleira eletrônica. Márcio disse que estava diretor do Complexo Penal Agrícola Dr. Mário Negócio, em Mossoró, quando na época recebeu Pedro Rocha e manteve algumas conversas com ele.
O jornalista e escritor contou que na ocasião teve a percepção de que os relatos de Pedro Rocha deixavam claro que o mundo do crime não tinha sido uma boa opção para a vida dele. “Ele estava doente, sem advogado, sem as mínimas condições. Foi quando percebi que dava para fazer um livro reportagem com ele mostrando que aquele Pedro Rocha que toda semana era destaque nas primeiras páginas dos jornais, programas de tvs e rádios, não passou de uma grande ilusão para ele. Então, resolvi fazer o livro para mostrar esse lado e não romantizar os crimes que ele praticou”, disse Márcio Morais.
Ele relata que a primeira vez que ouviu falar de Pedro Rocha foi nos anos 90 quando era repórter dos extintos jornais O Mossoroense e Gazeta do Oeste, e fazia matérias sobre os assaltos praticados por Pedro Rocha e o bando dele na região Oeste potiguar. Márcio lembra que só teve contato presencial com o ex-assaltante quando, como policial penal estadual, tornou-se diretor do Complexo Penal Agrícola Dr. Mário Negócio, em Mossoró, unidade que na época recebeu Pedro Rocha como detento.
‘Mostrar no livro que o crime não compensa’, afirma Márcio Morais
“Quando ele estava preso na Penitenciaria Mário Negócio, falei sobre a importância da gente fazer o livro e mostrar para a juventude que o crime não compensa, e que seria uma grande contribuição que ele daria, relatando a trajetória dele no mundo do crime. Ele topou, foi para a prisão domiciliar, eu fiz algumas visitas para entrevistá-lo, e sempre que estou de folga vou conversar com ele sobre o livro”.
O relato é do jornalista e escritor Márcio Morais que prepara um livro sobre a trajetória do ex-assaltante Pedro Rocha, considerado um dos criminosos mais temidos entre as décadas de 80 e 2000, na região Nordeste do Brasil. Falando sobre os bastidores da produção da obra, Márcio revelou como vem acontecendo todo o processo. “Moro em Apodi, ele mora em Mossoró. Sempre ligo para a irmã dele e marco. Quando vou entrevistá-lo passo três, quatro horas conversando com ele, colhendo detalhes da vida dele no crime; antes de entrar para o crime; e como era a vida dele como foragido”, detalha o escritor.
“Já conversei com muita gente que convivia com ele pesquisando, entrevistando. O livro vai ser show”, garante o jornalista, acrescentando que além de Pedro Rocha, o livro também traz depoimentos de outras fontes, como familiares do ex-assaltante; de fazendeiros que davam apoio a ele e ao bando; de ex-assaltantes que atuaram com ele; e presos que cumpriram pena com ele. Márcio adianta para a reportagem do Jornal DE FATO que o livro terá entre 25 a 30 capítulos e 200 páginas.
O escritor revela também que por Pedro Rocha ainda está em prisão domiciliar, está tentando via judicial uma autorização para levá-lo para algumas cidades onde ele atuou, para fazer umas fotos, em locais como os que ele se refugiava, como a Chapada do Apodi e vários outros pontos, com o fim de produzir imagens para serem inseridas no livro.
‘Ele faz questão de dizer que gostava de roubar bancos, não de derramar sangue’, conta escritor do livro
O jornalista e escritor Márcio Morais que prepara um livro sobre a trajetória do ex-assaltante Pedro Rocha, considerado um dos criminosos mais temidos entre as décadas de 80 e 2000, na região Nordeste do Brasil, deu mais detalhes à reportagem do Jornal DE FATO sobre o conteúdo da obra que está produzindo. Márcio relatou que Pedro Rocha morou muito tempo na Bahia, onde era conhecido por “Chico das Redes”, e vendia redes, lençóis e panos de pratos.
O escritor disse que o agora ex-assaltante utilizava essa vida mais tranquila como uma espécie de “fachada”, vivendo para o trabalho e para família, percorrendo várias feiras livres das cidades vendendo rede. Márcio conta que quando Pedro Rocha sumia para praticar assaltos em regiões do RN, PB, CE e PE, ele dizia para os vizinhos e amigos que estava comprando e vendendo redes em outros estados.
“Ele me relatou que atentado nunca sofreu, mas tiro em confronto com a polícia ou vigilantes já sofreu vários. Inclusive, um no ombro que o deixou doente por muito tempo. Pedro faz questão de dizer que gostava de roubar bancos, não de derramar sangue, e que por isso que ele está vivo até hoje”, pontuou Márcio Morais, complementando que o agora ex-assaltante tem atualmente 66 anos de idade, que está muito doente, cego de um olho, e sobrevivendo de auxílio financeiro do governo e da ajuda de parentes.
“Ele fala de arrependimento. Tinha muito dinheiro, muitos amigos importantes como empresários, políticos; mulheres por onde andava. Hoje mora sozinho e toma vários tipos de remédios para diabetes, hipertensão, dentre outros. A cada seis meses precisa apresentar laudos na Vara de Execução Penal para se manter em prisão domiciliar. Isso é feito com a ajuda de um Defensor Público, pois não tem condições de pagar um advogado. Ele é muito emotivo, quando começa a relatar a vida, ele chora”, detalhou o escritor e jornalista, revelando para a reportagem que já entrou até em contato com o produtor de uma renomada série televisiva para ver a possibilidade de transformar o livro em uma produção audiovisual.
Serviço
Com lançamento previsto para 2025, a obra sobre Pedro Rocha irá explorar os altos e baixos da vida dele no mundo do crime, incluindo seus assaltos a bancos e carros fortes, fugas espetaculares dos cercos policiais e o arrependimento por suas ações no mundo do crime.
Escritor diz que livro visa alertar o jovem que está se encantando com o crime
“O objetivo desse trabalho é alertar o jovem que está se encantando com o crime. As penitenciárias estão cheias de jovens encantados com o falso poder e prazer que o mundo do crime proporciona. O livro serve mais de alerta. Evito essa questão da romantização do crime, porque na qualidade de policial, vejo o sofrimento dos familiares de quem vive no crime. Não vejo nada de romântico. Vejo só sofrimento, angústia e decepção. Tem muito jovem que se encantou com a vida criminosa de Pedro Rocha, Valdetário (assaltante de bancos no Nordeste brasileiro), e hoje está no mundo do crime sofrendo e fazendo suas famílias sofrerem”.
A declaração é do jornalista e escritor Márcio Morais que prepara um livro sobre a trajetória do ex-assaltante Pedro Rocha, considerado um dos criminosos mais temidos entre as décadas de 80 e 2000, na região Nordeste do Brasil. Ele também conversou com a reportagem do Jornal DE FATO sobre a continuidade do livro Por Trás das Grades, também de autoria dele. Márcio disse que os últimos três volumes da obra venderam muito bem tanto no Brasil quanto em outros países. Ele contou que o quarto volume do livro, que será lançado em breve, está muito bom e já adiantou que a obra terá mais continuidade.
“Vou fazendo de forma bem tranquila. Quando menos espero já tenho uma edição pronta. Os próprios presos fazem questão de ser personagem do Por trás das Grades”, disse o escritor, destacando que o material mostra a vida do personagem antes e depois dele ter entrado para o crime. “Gosto de mostrar que ele teve oportunidade e trocou para viver preso. São livros que deveriam ser lidos por jovens e distribuído em escolas para eles verem que o mundo do crime não tem futuro. Esse mundo tem dois caminhos: a prisão ou cemitério. Nossas prisões estão lotadas de jovens, precisamos resgatá-los, mostrando que o crime não tem futuro”, ressaltou Márcio Morais.
O jornalista frisou que o volume 4 do Por Trás das Grades tem 25 capítulos e que deve ficar com mais de 200 páginas; e que assim como os outros volumes, o que será lançado em breve também “mostra a vida daquele jovem que deixou de ouvir pai, mãe, abandou a escola e hoje vive preso, condenado, perdendo a juventude, as oportunidades da vida por trás das grades”.
Sobre o escritor
O escritor Márcio Morais tem formação em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte -UERN, Pedagogia pela Faculdade Evangélica do Piauí - FAEPI, Pós-Graduação em Política e Gestão em Segurança Pública pela Faculdade Única de Ipatinga do Grupo Prominas. Já passou pelas redações dos Jornais O Mossoroense, Gazeta do Oeste, De Fato, Vale do Apodi, Assessoria de Imprensa da Prefeitura e Câmara Municipal de Apodi, Prefeitura de Pau dos Ferros e já prestou Assessoria a vários deputados na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Márcio Morais já foi diretor do Centro de Detenção Provisória de Apodi e do Complexo Penal Agrícola Dr. Mário Negócio em Mossoró, uma das maiores unidades prisionais do Sistema Prisional do Rio Grande do Norte
“Considero-me um vencedor”, afirma escritor e jornalista
Márcio Morais pretende lançar três livros neste ano, incluindo um sobre mulheres no mundo do crime
O escritor e jornalista Márcio Morais também exaltou a sua trajetória no mundo da escrita. Ele disse que se considera “um vencedor”, por já ter lançado três livros sem o apoio de editora e por ter precisado até mesmo de tirar dinheiro do próprio salário de servidor púbico, para conseguir os recursos para a produção dos seus livros.
“Depois de impressos, botei debaixo do braço e saí vendendo para conseguir pagar os empréstimos. As barreiras são difíceis, mas a minha vontade de botar o livro na gráfica é maior. O livro Por Trás das Grades chegou a todo Brasil e em vários países. Isso é muito importante para um escritor desconhecido, sem o apoio de instituições de incentivo à cultura”, relatou ele, em tom de desabafo.
Ele adiantou que, neste ano, além dos livros sobre o ex-assaltante Pedro Rocha e o Por Trás das Grades 4, ainda pretende lançar o Eco das Grades, com 15 capítulos com histórias de mulheres que se tornaram criminosas. “Não vai ser fácil, mas Deus sempre me ajudou e agora não vai ser diferente”, enfatizou Márcio Morais, dedicando toda essa luta à saudosa mãe dele, dona Gorete, que mesmo sendo analfabeta lutou para que ele acreditasse na educação.
Serviço
O IV volume do livro Por Trás das Grades já está sendo finalizado no processo de revisão, diagramação, produção da capa, e breve será encaminhado para impressão. A obra terá 25 capítulos com testemunhos de reeducandos e internos que cumprem ou cumpriram pena no sistema prisional do Rio Grande do Norte.
O livro terá o prefácio assinado pelo jornalista, advogado e professor Cid Augusto da Escóssia Rosado; revisão de Benjamim Linhares; e a diagramação, capa e projeto gráfico de Augusto Paiva. Assim como os volumes I, II e III.
O novo livro será lançado pela Editora potiguar Off-set, sediada em Natal. As obras estão disponíveis para venda por meio da Amazon, Mercado Livre, no Instagram @livroportrasdasgrades e site www.portrasdasgrades.com.br.
Tags: