Por Jéssica Maldonado — ge
Os primeiros capítulos do Botafogo de 2025 ganham ares cada vez mais dramáticos. O atual campeão da América perdeu por 2 a 0 para o Racing, no El Cilindro, na noite da última quarta-feira, pelo jogo de ida da Recopa Sul-Americana. O desempenho mostrou, de novo, que o time está irreconhecível se comparado a 2024.
Existe ainda a base dos titulares, isso é verdade, mas nada se encontra do impetuoso Alvinegro de Artur Jorge. Em Avellaneda, o time titular foi comandado pela primeira vez pelo interino Cláudio Caçapa, que teve apenas três dias para preparar o time. Nesse tempo, ele também teve que trabalhar nos substitutos para as baixas de Bastos, Gregore e Artur.
Time do Botafogo que iniciou o jogo: John; Vitinho, Danilo Barbosa, Barboza e Alex Telles; Allan, Marlon Freitas, Newton, Savarino e Matheus Martins; Igor Jesus.
Como "dono da América", esperava-se uma postura à altura diante dos hermanos. Porém, foi o Racing quem ditou o ritmo do jogo e tentou chegar com boas transições nos 20 primeiros minutos. O Botafogo parecia desconectado, nervoso com a pressão externa da torcida adversária e tinha dificuldade para ultrapassar o último terço.
Quando a bola lá chegava, ninguém conseguia mantê-la para dar tranquilidade nas dinâmicas ofensivas. O "vilão" do jogo não estava no ataque, mas o mau primeiro tempo passou pela ineficiência de Matheus Martins e Savarino - esse último até tentou uma jogada individual, mas chutou para fora.
Se as individualidades não funcionaram, o coletivo, tão forte em 2024, também falhou. Um exemplo claro estava na dispersão tática do time. Em uma das poucas vezes que o time o Botafogo controlou a posse na frente, Marlon Freitas recebeu na intermediária e se viu sem opções para passes, com espaços largos no campo sem a presença de um jogadores alvinegro. Isso prova a falta de compactação e do quanto o time, mesmo com a manutenção da maioria das peças, tem se distanciado das características.
Barboza, melhor zagueiro do time, se viu desequilibrado em campo. Atingiu o Martínez na cabeça dentro da área, e o árbitro assinalou pênalti, convertido por Vietto. Depois, ele cometera outro erro.
O jogo foi para o intervalo com o revés para os cariocas por 1 a 0. Na ida para o vestiário, os jogadores davam claros sinais de apatia. Cabisbaixos e sem conversas uns com os outros. Na torcida se viam semblantes parecidos.
Caçapa não mudou no intervalo, mas a conversa interna pareceu ter surtido um pouco de efeito. O Botafogo voltou controlando melhor jogo, mas ainda sem criatividade e dinâmica capaz de furar a defesa - fragilizada nesse início de temporada - do Racing.
O time começou a apostar nos lançamentos. E uma dessas chegadas foi aos 11, quando Vitinho lançou para Igor Jesus, que demorou para ajeitar e finalizar, e o defensor ficou com a bola. O centroavante, apesar de não ter concluído a jogada, foi um dos que mais se movimentou para tentar levar perigo ao adversário.
Mas o controle durou pouco. O ambiente, com a torcida cantando a todo instante, também ajudava o Racing. Em campo, ao estilo argentino e catimbador, nas chegadas mais fortes, os jogadores iam em direção ao árbitro para pressionar.
Foi então que Caçapa identificou que o Botafogo estava muito recuado e mudou peças acertadamente. Porém, Rwan Cruz entrou afoito e tentando resolver na individualidade. A mente queria, mas a perna não caprichava.
Aos 17, na sede pelo empate, Barboza abandonou a defesa e foi para o ataque, quando os argentinos roubaram a bola e encontraram Danilo Barbosa sozinho e sem cobertura. Martínez fica cara a cara com John e bate por cobertura.
Se estava ruim, podia piorar. E piorou. O Racing teve ainda mais chances e só não ampliou - ou transformou o placar em goleada - porque John fez boas defesas. Além disso, Cuiabano, que entrou para fortalecer o lado esquerdo ofensivo, foi expulso por atingir Colombo com um chute no rosto aos 41 minutos.
Mesmo que tivesse mais tempo de jogo, com o que se viu do Botafogo, não seria possível igualar. O time teve apenas três chutes em direção ao gol, algo impensável para a equipe que tinha repertório, diferentes artilheiros e marcava muitos gols.
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