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A advogada de acusação, Janaína Paschoal durante sessão de julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff - 30/08/2016 (Adriano Machado/Reuters)
Abrindo a fase de debates do julgamento de Dilma Rousseff no Senado, a advogada Janaína Paschoal, que representa a acusação, defendeu nesta terça-feira (30) a legitimidade do impeachment, criticou a tese de que houve um "complô" para afastamento da presidente, pediu desculpas a Dilma pelo "sofrimento causado" e chegou a chorar no fim do discurso.
Janaína chamou o impeachment de "remédio constitucional, ao qual nós precisamos recorrer quando a situação se revela especialmente grave, e foi o que aconteceu".
Citando o argumento da defesa, de que o processo pode ser considerado um golpe, caso haja condenação, a advogada reafirmou que ele segue todos os ritos legais. "Para que o povo brasileiro tenha consciência tranquila de que nada fora do que é legal e do é legítimo está sendo feito nesta oportunidade."
No pedido de desculpas à presidente afastada, Janaína citou os netos de Dilma.
"Eu finalizo pedindo desculpas para a Senhora Presidente da República não por ter feito o que era devido, porque eu não podia me omitir diante de tudo isso. Eu peço desculpas porque eu sei que a situação que ela está vivendo não é fácil. Eu peço desculpas porque eu sei que, muito embora esse não fosse o meu objetivo, eu lhe causei sofrimento. E eu peço que ela um dia entenda que eu fiz isso pensando também nos netos dela."
'Grande fraude'
Segundo a advogada, que se colocou como "defensora do Brasil", o afastamento de Dilma não foi cogitado por "probleminhas contábeis", mas porque ela fez dos brasileiros "vítimas de uma grande fraude".
"Esta grande fraude foi, de maneira muito preciosa, apontada pelo procurador do Ministério Público, Ivan Marx."
A advogada criticou o uso que a defesa de Dilma fez do parecer de Ivan Marx, alegando que durante o julgamento foi mostrado apenas um trecho do conteudo, que diz que as "pedaladas fiscais" no Plano Safra não foram operação de crédito nem crime.
"A parte em que ele escreveu que houve fraude nas 'pedaladas', esta não é citada", disse Janaína. Segundo ela, o procurador poderia ter sido chamado para depor, mas não foi.
Janaína Paschoal alegou que a fraude e a maquiagem das contas públicas permitiram o aumento de gastos. Segundo ela, as pessoas acreditaram na continuidade dos programas sociais, como o Fies e o Minha Casa, Minha Vida, "não só porque a presidente mentiu, mas porque os balanços mentiam. A fraude foi completa, a fraude foi na fala e a fraude foi documental. Isso é ou não é um estelionato eleitoral? Eu entendo que sim."
FONTE: G1 - Brasília